terça-feira, 6 de abril de 2010

Pessoas mais quentes em dias assim

 

Num tempo como este se encontram dois amantes, transgride um adolescente, recai um bêbado em algum canto só. Em todos os casos acompanhava o frio, sinal de um pleno outono sem planos ainda para qualquer outra coisa. Sei que eu quero estar junto a ti, mas se não me vem o amor do oposto, aqui eu tomo a segunda taça sozinho. O vinho é bom, leve, cabernet, me lembra chocolate com passas. Me lembra nossa primeira taça juntos, o seu primeiro gole e, talvez, ainda não sei, minha última vontade de estar contigo. Mais um trago. Me falha a memória. Não lembro mais o ponto de servir, o tempo de repouso antes do primeiro gole, nem mesmo o tempo de repouso antes do primeiro beijo. Acho que não deveria existir. E por isso trago o beijo antes mesmo da vontade, mecanicamente. Mas isto talvez seja a vontade, não o beijo. 

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