sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Noite angular


Há todo um espaço vazio esperando ser preenchido. Ele é azul. Às vezes branco. Às vezes preto. Avistado de um bom lugar, olhado de lado a lado, ele é interminável. Cabem todos os pensamentos, seja os já feitos, seja os deste instante, seja do tempo a seguir. Mas tão efêmeros que, de repente, crepúsculo! A maioria dos pássaros se cala enquanto outros começam seus cantos. Na escuridão, eles são dissimulados, tristes, inconstantes. O céu escuro se abre em uma noite grande angular. Algum homem menino criou brinquedos pra ver a viajante luz que chega daquele espaço vazio. O céu não é mais azul. Nem negro. Agora tem brilho, cores escondidas. Aparecem magenta, cian, laranja no horizonte. Às vezes algumas cores ateiam fogo no céu e na nossa imaginação. São mais que meteoritos. São sentimentos navegando por lá, naquele mais que um Google vazio. Há um espaço todo preenchido por pequenas esferas de cristais além céu. Vai se alegrando conforme a hora avança. A minoria dos pássaros então se cala enquanto outros tantos começam seus cantos. Já na penumbra do amanhecer, sussurramos todos os nossos pensamentos antes de ir pra casa. O céu se abre em um dia objetivo enquanto, enfim, a noite dorme, angular na espinha dorsal do universo.