quinta-feira, 14 de março de 2019

Tudo ao mesmo tempo


Essa semana sentamos para conversar. Nós três, o Menino, o Moço e o Velho Santiago. O Menino chorava igual criança; o Moço resolvia seu cotidiano pelo celular que apresentou demasiada lentidão e o Velho ria dos outros dois primeiros. Há uma beleza no comportamento de cada um ao mesmo tempo em que havia desespero no coração dos três. E eles sabiam disso. Todo momento de transformação surge de uma reação. Esta, fica latente marinando sua explosão de tempero. Primeiro as belezas: o choro é o mais próximo que a alma encontra de sair do corpo, tomar um banho de chuva e voltar renovada. Mas nem sempre resolve alguma coisa. Então as crianças choram demasiadamente fácil uma vez que pouco resolvem, mas levam muito sua alminha para passear e cantar com suas músicas banhadas pela garoa. O cotidiano é o equilíbrio que toca a vida. O baile que segue. As revoluções ao entorno do Sol. São já naturais, mas não serão eternas, mesmo equilibrando essa dança toda, tão necessária para manter uma certa harmonia. Mas, na verdade, pouco mantém: é o processo, o caminho - estável - que conduz ao fim de tudo. Nosso fim é guiado pelo cotidiano. Nossa trajetória será estável até o final. Já o riso, ah, o riso! Quando é do menino, é a alma se enxugando dentro da gente. Quando moço, são os meandros do sim e do não, do certo e do errado. Quando é do velho, é como se fosse o tempo soprando seus segredos mais viscerais. Ter a idade em que mais anos se passaram do que há porvir traz uma tal serenidade: não é o grande final, mas é o fim dos ventos, o cessar das ondas, o eterno amanhecer aprisionado na pausa entre as estações. Em todos os casos é morrer de amor para tentar reviver.