terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mensagem para o ano todo


Depositei em 2013 enormes esperanças em troca de singelas promessas. Realizei mudanças, investi nos meus sonhos. Terminei de passar aquele café para dois. Estive ao lado de quem colori e a tenho borrado com aquarela branca desde então para tentar reparar um traço solto. Tenho lutado: busco o equilíbrio. E caio exausto todos os dias por isso. Abro a porta. Novamente está aquela bagunça em casa. Parece que o menino Santiago sempre entra primeiro e desmorona aquilo que o moço havia empilhado. Com esforço tenho colocado atenção, carinho e bom humor, um sobre o outro e aos montes - sempre dentro das minhas limitações, que são muitas e precisam ser toleradas. Senhor, piedade! Sou humano, imperfeito, e traço meu caminho com um amor enorme em meu coração. Tenho feitos gigantescos para tentar abrir os olhos que me desdenham e buscar um sorriso. E tenho batalhas épicas para parar aquele anseio de esperar sempre por aquelas reações que estão se repetindo com tal frequência que não entendo, desde aquele dia inesquecível. Pouco a pouco o único vidro que separa os olhares e corações vai-se riscando. E riscam do outro lado, não adianta eu esfregar de cá. Minha meta 2014: inventar uma máquina de tirar riscos de vidro.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O inverno trouxe mudanças


Quem já olhou para um Ipê Branco florido sabe: logo após a olhadela ele já está quase todo sem flor. É uma das coisas mais lindas e mais efêmeras que existem. São mudanças rápidas da natureza. E nossa natureza também muda, tão rápido quanto. Esse inverno trouxe mudanças que há tempos estavam programadas para acontecer. Eu também mostrei minhas flores brancas, balancei com o vento e joguei tudo ao chão. E percebi o quanto dói esse processo e o quanto é belo. O que fica é aquele chão pisado e todo coberto pela mesma beleza que se via agitada ao vento. O que se guarda é a certeza de nova florada em breve. Como é lindo e triste isso, de ser e ir sendo sempre novos galhos cobertos de branca novas lembranças e vivências caideiras. Foi em junho que eu casei.

A imagem é emprestada de Marcos Andersen.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

"da janela lateral' - Meu primeiro Ebook




Olha o Moço Santiago se metendo a escritor! Amigos, no meu ebook fotográfico há uma porção de textos, não tão inspiradores quanto os do Velho, mas já um começo para aquele menino que sonha em se tornar um moço forte. Espero que também gostem!

Após clicar no link acima, o pdf aparecerá para visualização.
Depois, baixe sua cópia no link "Baixar", no canto superior direito.

"da janela lateral" também está disponível no Scridb.

BOA LEITURA!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Desse tempo que acordei com saudade


Era um tempo desse que se refazia aqui dentro. Tempo de chuva, mas tempo de alegria. Tempo de brincadeiras com o que a vida dava de graça e que não precisava ligar na tomada. Com sorrisos que  vinham de cabelos molhados de suor - de tanto correr. A saudade da infância é um pouco de tudo e de tempos em tempos vem me revisitar. E não importa se chove forte nos olhos ou se pinga longe no mar essa água salgada: ela insiste em bater nas vistas. Se exibe holiudianamente e se reprime, some. Por vezes vou até a padaria buscar essa infância e a pego comendo uma bomba de chocolate enorme. Há outros indícios: água no chão do banheiro, talheres e louças sujas na pia, meia enfiada dentro do tênis, televisão desprogramada e som alto, além de todos os tapetes sujos e do chão da casa inteira cheio de terra roxa. Roxo, aliás, estão as pernas e braços, além de arranhados. Mas roxo mesmo fica a saudade, que bate forte tem dia.

foto: Crianças de Campo Alegre do Fidalgo, sertão do Piaui, durante a chuva que marcou a chegada do "inverno" de lá, em janeiro de 2013 

domingo, 14 de abril de 2013

Céu carregado


O céu fica carregado quando algumas tarde de outono terminam seu dia. São dias especiais, em épocas específicas, tempos que trazem manhãs difíceis de prever. Por isso os cantos dos pássaros mudam, as cores têm menos ou mais saturação - depende do momento -, o contraste da vida vai diminuindo e os dias passam a parecerem-se todos. Aquela música que tanto te alegra causa o mesmo efeito que causa um olhar desavisado para a pia suja que a gente não se importa em lavar. Os soluços, suspiros, bocejos tornam-se um bom dia na boca de um estranho e o chocolate já não adoça mais o leite. São dias assim que lhe mostram a passagem do tempo. Épocas nas quais viver toma um novo sentido e um significado mais próximo do existir. São tempos que se repetem de vez em quando. São dias que eu gostaria de entender seus significados.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O abraço não dado


De todos os meus abraços, o mais forte foi aquele não dado e, no entanto, é dos mais presentes na minha alma. Ele impregna dentro do espírito e não sai nas trocas de roupa. Ele tem demonstrado que mais forte que o entrelaçar de braços é o encontro das almas. E que não importa o quanto se aproxime ou se afaste novamente, ele permanecerá ali, presente. Em sua ausência ele é substituído por tantas outras coisas: expectativas, lembranças que culminam no não abraço, tempos convividos em comunhão e mesmo por aquele olhar duro, carregado de sorrisos posteriores que afagam o pior dos dias e das noite. Emprestar os ombros não substitui esse abraço não sentido, esse calor não trocado nem os pés não pisados pela ansiedade do encontro dos corpos, apenas reforça ainda mais essa falta. É uma falta que ignora sua natureza, pois se faz mais real e presente que tantas coisas ao nosso redor. E se abraçar o próprio corpo for uma forma de trocar esses sentimentos não vividos, que o melhor exemplo seja dado durante o banho: local de presença forte daquilo que falta e falta daquilo que ficou no anseio. É hora de lavar não o corpo, mas as sensações e desejos que impedem esse abraço não vivido.