quinta-feira, 26 de março de 2009

AULA*



"Meu corpo é bem mais velho do que eu, como se conservássemos sempre a idade dos medos sociais com os quais o acaso da vida nos pôs em contato. PORTANTO, SE QUERO VIVER, DEVO ESQUECER QUE MEU CORPO É HISTÓRICO, DEVO LANÇAR-ME NA ILUSÃO DE QUE SOU CONTEMPORÂNEO DOS JOVENS CORPOS PRESENTES, e não do meu próprio corpo passado".

Roland Barthes

O vídeo é um curto enunciado. O tema permeia a noção de tempo/espaço, vida, idade... Acho que convém o enunciado de um caminhoneiro** junto ao enunciado de um Francês.

*Aula é nome do livro editado em transcrição ao discurso de Roland Barthes, proferido em sua Aula Inaugural, na França, na década de 70.

** O áudio do vídeo, no qual escuta-se um motorista de caminhão, foi captado por rádio amador, na frequencia usada pelos caminhoneiros nas estradas brasileiras.

segunda-feira, 23 de março de 2009

CHEIRO TEM COR

Precisava falar que cheiro tem cor. Se tem! E gosto tem cor também: biscoito de chocolate com cereja tem gosto de marrom escuro com vermelho vibrante. É obvio que isso se forma na mente porque já temos formados as representações e relações com as coisas. Mas e daí? E a vontade inexplicável de chupar manga daquela mangueira que vai pro sítio, porque eu vejo isso colorido? Talvez a vontade seja uma profusão de cores mal explicadas e formadas fora da combinações entre as cores básicas. Meu desejo não é nada básico, é necessário. Eu quero pois se esvai meu tempo. O negócio é querer porque logo não se pode ter. E se acabarem todas as cores, e num filme preto e branco, quem me dará uma manga para chupar? Me falta o amarelo pra depois do verde. Me falta tudo na verdade, só me sobra farelos de essência soltos pelo chão. Eles juntos devem formar o amarelo. Mas acho que isso não me dará aquela manga da beira da estrada.

quarta-feira, 18 de março de 2009

QUANTOS E QUANTOS MAIS?

Atendendo a pedidos:

"As cores que compõem um nome, em movimentos se fecham entre olhares. Não são vivas, mesmas exteriorizadas para dar existência à elas. São cores. São sabores escolhidos para apimentar os olhos que, por sua vez, apimentam nosso espírito. E quem os escolhe os pinta. Sei quem escolheu foi Deus. Mesmo não sendo ele quem pintou, pois é perfeito de mais para ter sido por ele. Foi pintado por amor, cores escolhidas pela essência do existir. E só pode pintar assim os dedos que trabalham todos os dias, que se cansam, e se entregam a olhar para o horizonte em busca das suas próprias divagações. E o resultado é este encontro: o que se acha é o preenchimento daquilo que se precisa".

sábado, 7 de março de 2009

ROAD ON ROAD

Pé na estrada. Tem quem não goste de andar por ai. Prefere ficar em casa, em segurança. Naquilo que chama "segurança". E deixa de ver, de perceber, de observar o mundo. Por ai, já vi mundos que se pintados seriam admirados. "Incolores idéias verdes dormem furiosamente", disse Chomsky, um linguista, em conformidade com as regras da sintaxe mas totalmente incompreensível. Como se compreende tal formação chuvosa, se se compreende todo o processo, mas não se compreende o que o olho acaba de ver? Foi o que pensei quando captei a imagem acima. Sei como tudo se dá, mas não dá pra acreditar em tudo que se aprende na escola se a natureza, em si, é tão maior do que a gente.

terça-feira, 3 de março de 2009

SOLIDÃO

Olha ele ai mais uma vez. É Calvin em nosso socorro. Barulho, pressa, prazos, pessoas e pessoas e animais com pessoas também. Mesmo assim, o pior pode ser o que existe dentro de nós. Há quem fala fala e fala com medo daquilo que tem dentro. Cospe códigos linguisticos a distâncias incriveis pra preencher porque tem vazio. Porque tem seus demônios. Matá-los é inconveniente. Por isso procuro paz, ficar sozinho. Minha companhia tem gastado muito do meu tempo. Ou então é o tempo que se gasta em minha companhia. E pelo rápido que passa, com muito prazer, obrigado.

segunda-feira, 2 de março de 2009

É UM CAMINHO SIMPLES

É um caminho simples, asfalto reto, curvo, esburacado, que leva pra um destino comum
As árvores pelas passagem, casas simples, fazendas gadeadas e as faixas na estrada já não te deixam sair, e o destino comum é simples também. O outro lado existe e você já sabe onde vai chegar, já tem o que esperar.
Mas o que te espera é diferente. Pode mudar, pode não esperar, ter saido pouco antes do momento em que ce chega. Ai está a mudança, está o destino não traçado. O caminho, na verdade, é poesia. O sentimento dessa poesia o espera de braços abertos na chegada. Quando espera.