sábado, 23 de abril de 2011

Pequeno tempo do coretinho



Foi em volta desse coretinho que corría enquanto segurava, com uma das mãos, um cordão amarrado a uma bexiga flutuante; com a outra, agarrava um saquinho de pipoca doce, toda colorida. Coretinho pequeno, talvez pequeno também o mundo. Tantas pessoas são recebidas por essa cidadezinhas nos tempos de férias, e nestas ilhas de distância nunca fiz uma saudade doída. Sinto-me triste por isso. Sinto como que se passou e só. Faltam marcas como daquele amigo a quem esperar, aquela menininha a quem ver passar, falta um pedacinho do viver que gastei, fora do ambiente familiar, apenas nesse coretinho. Pois sabe que outro dia uma rapaz me Facebookeou: "Por certo você não se recorde de mim (...) Eu jamais iria reconhecê-lo se não visse uma mensagem de sua prima pra você". Ele, amigo também de minha tia, se lembrou do meu eu menino, "catatau", como chamou, na casa da minha avó, cidade deste coretinho. Tivemos tempos diferentes. Ah, peço que se alguém aqui passar férias, que corra comigo em torno desse coretinho. Eu estou sempre por ali, carregando a bexiga flutuante e a pipoca colorida.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Daqui me lembro de você ai



Acabo de dar minhas aulas de rádiojornalismo, em Araçatuba-SP, para alunos do 2º ano do curso de jornalismo. Na ida para o hotel, parada na Av. Brasília para este clique, acima. É que daqui me lembro de você ai, caro amigo. Ele, certamente, passou muito por essas avenidas. O conheci na universidade, há 10 anos. Se tornou um amigo. Mais que isso, se tornou uma música na lembrança, daquelas que se cantarola sem notar. Meu amigo em minhas lembranças se tornou um verso de uma canção que muito escutamos: "Take a shower shine your shoes, You got no time to lose". Ele levou mais a sério o que cantamos. Eu me apeguei a outro trecho, um pedaço de conselho que diz que mesmo com meu destino nos ombros eu não saberia o que fazer com escolhas tão contraditórias. Poucas coisas fizeram tanto sentido assim pra mim. Daqui da minha janela do hotel não há espaço pra que meus olhos lhe mostrem um pouco da tua saudade, amigo. Contente-se com a imagem acima, fruto de minha paradinha frente ao hotel. Imagem banal, eu sei; mas tenho certeza que ela é uma peça dum quebra-cabeças maior, que seu coração agora vai tentar remontar a noite toda. Gosto de causar saudades.

Abaixo, a música em questão. 

domingo, 3 de abril de 2011

Nesses 30



Daqui, de cima do meu 30º andar da vida, noto um vai e vem constante dos meus pensamentos e sentimentos. E rio, de orelha a orelha, pois vejo o quanto eles estão desalinhados comigo. Me sinto cada vez mais criança e no entanto estou cada vez mais velho. E moço que sou vejo essa falta de sintonia toda e rio, novamente, de toda essa situação. É que, moço, não me acostumei com coisas cotidianas e simples, que já deveria encarar com naturalidade, com um pouco daquilo que ousamos chamar de maturidade. Ainda arrepio quando, por exemplo, da firmeza com que as pessoas dão suas opiniões. E rio por dentro, reforçando minha total vontade de dizer "que se lixe isso tudo". Talvez já tenha, desde menino, ultrapassado essa necessidade absurda de mostrar alguma coisa a alguém. Eu, desde que me lembro, só quero ter meu tempo, andar no meu ritmo, parar quando quero. Claro que compartilho alguns passos, e até gosto. Mas não gosto que meus passos sejam partilhados entre aqueles que pouco se dão para mim. E é então que eu páro, e rio. Rio sempre, desde sempre. Rio agora e, sorrindo, compartilho com os amigos, que aqui param para um café, um pedaço da metade do meu 30º bolo. Metade porque a outra metade já havia sido comida (na noite anterior ao aniversário propriamente dito) por dois maravilhosos sobrinhos que amo tanto. E sabe que mais? Sobraria mais bolo em meu coração para todos se eles o tivessem devorado todo, pois ai eu só teria meu peito para guardar os pedaços que aqui lhes ofereço.