sábado, 13 de setembro de 2014

Já somos outros


É sobre ver todas aquelas pessoas novamente quinze anos depois. Elas ainda lá, na pequena cidade, trombando contigo da mesma forma, ao acaso. Sempre me pergunto se elas ainda se lembram de mim, se me reconhecem, se sabem meu nome. Noto que os rostos são quase que outros. Em sua maioria, cansados, tristes, como os meus devem estar. A rua mais vazia, as árvores também morrendo (percebi que na cidade elas duram menos), as coisas fora de lugar. Tudo parece fotografia manipulada. O tempo, que deveria ser bom, tem machucado. As aventuras não tem sido inesquecíveis e minhas decisões, arriscadas, têm me cobrado muito durante o sono. Dois anos depois, o menino se esconde novamente. Deve estar trepado em alguma jabuticabeira cuspindo o caroço na minha própria cabeça.