terça-feira, 31 de agosto de 2010

A mala que me é pequena



Comprei uma mala pequena, que cabe apenas o que se leva. Nela, não cabe o que se traz de uma viagem, e acho isso triste. Preciso de uma mala maior. Vou com as minhas coisas, sigo com meus pensamentos, mas volto sempre com novas coisas bem perto de mim. Por isso, preciso de espaço. Nesse espaço, que não sei medir ao certo, deve caber novas coisas: amizades, brindes, descontos, presentes pra quem se ama. E como medir isto? Ah... talvez com uma canção? Talvez com um nova camiseta, 100% algodão? Minhas notas de observador argumentam que o que importa, na verdade, não é o quê nem a forma, ou a quantidade de ml´s ou de gramas: talvez seja o que não se pode medir. Sempre pensei que isso são experiências, ou vivência. Seja o que for, logo logo "estarei indo de volta pra casa". E preciso de uma mala maior, pra ter espaço suficiente pra todas as coisas que voltam comigo.   

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Minha Gitã



Você ainda não me pergunta porque sou tão calado. E não entenderia se eu dissesse, mesmo porque não sei dizer isso que se sente. É dificil, quase não tem significados pra se expressar. Sentimento assim só dá pra sentir. Não consigo falar de amor, não consigo sorrir, só dá pra olhar e perceber que tudo o resto toca a alma, nada mais. Por enquanto, você me tem todo dia, toda hora e não entende. E mesmo que EU pergunte, nada vai lhe mostrar essas razões que passam por mim no momento. Será preciso passar pelo fogo, pela terra, pelo ar e pela água pra que você entenda: mas isso está tão longe ainda pra você! Tenha calma, logo saberá se é bom ou ruim, se vale o sacrifício, se é bom ou ruim. Dê tempo, e saberás que do sonho brota este amor.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O sucesso



Parado ali, na ponta do sofá de 3 lugares, ele segura, calado, seu violão. Olha para as cordas novas, o brilho, a textura, a maciez e pensa no sucesso que nunca veio. Pra fora da sacada do seu apartamento, o mundo não existe mais. É um lugar inócuo, neutro, estéril, diria. Não há pessoas, as rádios não transmitem mais músicas e as emissoras de TV não transmitem mais nada. Em seu mundo fechado, o quase artísta limita-se a enxergar a sí. Não vê nada que seja externo a este ato narcisista. Não é escolha, mas lamentação. Cego por tudo que não pôde conquistar, o universo agora preenche com imagens apenas as notas tocadas em seu violão. Eis que, então, reverberam todas as estrelas, e gritam por biz as explosões solares, de todos os sóis ainda desconhecidos. O sucesso vem enfim.