quinta-feira, 14 de maio de 2015

Teimosia


É que acontece isso todo dia, de o Sol sair. Às vezes a gente dorme como se não fosse existir amanhã, com a certeza do próximo dia não acontecer. Em tempos assim se deseja que o dia vivido fosse apagado, mas seria o mesmo que desejar que o Sol não nascesse. Então a gente tenta aprender com eles: tanto com o dia vivido quanto com a teimosia do Sol. Chega verão todo mundo reclama do calor. Chega o frio e o culpado é ele novamente, por estar desta vez muito distante. E nessa ida e vinda a gente nem nota o tempo passando. Às vezes a gente vive e não percebe, encontra-se no fim. Em tempos assim se deseja ter mais um dia para se viver.

domingo, 12 de abril de 2015

Minhas janelas pueris


Tenho tido saudades que mantenho guardadas a 7 chaves: comer aquele bolo quentinho na casa da amiga, sentar na calçada com um velho violão desafinado, tocar aquela campainha velha sem ter a certeza dela ter sido escutada, sonhar - e apenas ter que fazer isto - com o que se vai fazer no futuro, atender a porta ouvindo alguém te gritar pelo nome. São minhas janelas da infância e adolescência abertas para o infinito.

Tempo passado, congelado - dizem - como em uma fotografia. A verdade é que foi eternizado e como tal já não sai mais daqui de dentro. Pra sempre me leva, por mais que seja eu quem o carregue. E minhas escolhas? Antes elas eram seletivas e me davam uma direção; hoje são lembranças que me tomam subitamente e que me mostram as decisões que tomei. São um trago pra uma mente que quer viver tantas vivas quanto possíveis e que nelas enxergam todo um outro universo não vivido. Dá saudade tudo isso.