Sabe quando você pega algo que já foi de você, daquele pequeno, do de antes, e que você já não mais o percebe? Quando sua mão passeia por coisas que já percorreram e que tu lembras o quanto desbravou com elas? Lembra da primeira sensação do barro, da lama, do sabão? Eu não. Lembro deles, sempre, mas não sinto mais a primeira vez. Porque ela se apaga?
A primeira bola de sabão, onde ela foi? Para aonde ela correu? Quanto tempo antes de... Plaft!, se desintegrar naquele dia. E que dia? Chuvoso, quente, vento forte. Queria quardar mais do tempo aqui dentro. Mas me sou seletivo sem eu querer e só o saibo depois de não poder mais me lembrar. Que coisa. Queria quardar tanta coisa que já me fez bem e o resto não.
Feito bola de sabão os pensamentos saem, percebeu já isso? Por um instante, sempre muito breve, são lindos, brilhantes, coloridos, voam para longe e vão se distorcendo, se alterando, vão afinando, são levados e, quando não se espera, Plaft! de novo. E então chega num limite que não compreendemos. Eles vão para onde não sabemos, e falam, enfim, apenas para uns tantos que aprender a ler nosso sopro.
PS: Crédito da imagem para "Ariadna´s". Mais do trabalho dela em: www.fotothing.com/Ariadna. Confiram!
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
EU DO LADO TEU
Hoje me ocorreu. Da última vez nem me lembro quando eu do lado teu perguntei qualquer coisa descompromissadamente. Eu, que aprendi a não falar com estranhos, levei isso muito a sério. Aprendi ainda muitas coisas que também levei a sério e hoje elas me faltam. Aprendi que o céu não é azul porque reflete o mar, e isso me afastou dos oceanos. As núvens não são de algodão e eu nem tive tempo de bem quere-las doce. Imagine se bato no teu ombro e lhe conto isso.
Ali, do lado, um grupo conversa. Se conhecem. Eu, só no instante, não conheco ninguém, apesar de tê-los conhecido por aquela história do Estreito de Bering, tal; ou das imigrações. Atrás tem outro grupo que ri. Conversam, trocam impressão. Não me perguntam da minha. Não me olham nos olhos. Tem medo de mim. E eu, tão acarentado daquilo que nos falta, da humanidade que ainda não temos, faço o mesmo, porque também me falta. Mas me proponho a quebrar isso.
Quando encontrar um tempo/espaço adequado, acreditando poder haver um, olharei para o lado e tocarei um ombro qualquer, e direi algo como: - está calor hoje, hun? Não... melhor não, melhor dizer a verdade, sem frases comuns, sem tipos batidos já. Conto se recuperar o que me desfaz de humano, aquilo que me transforma em social individual ao invés de um indivíduo ao pé da palavra social. Não se assuste se, após o toque, lhe contar que comprei um perfume em 4x sem juros com entrada para 60 dias. Carnaval já tem conta para pagar.
*PS: merecidos créditos para a imagem de uma amiga, a "São Paulo" (preservarei o pseudônimo utilizado em sua página). Mais do trabalho desse ótimo olhar que nos empresta, aqui.
Ali, do lado, um grupo conversa. Se conhecem. Eu, só no instante, não conheco ninguém, apesar de tê-los conhecido por aquela história do Estreito de Bering, tal; ou das imigrações. Atrás tem outro grupo que ri. Conversam, trocam impressão. Não me perguntam da minha. Não me olham nos olhos. Tem medo de mim. E eu, tão acarentado daquilo que nos falta, da humanidade que ainda não temos, faço o mesmo, porque também me falta. Mas me proponho a quebrar isso.
Quando encontrar um tempo/espaço adequado, acreditando poder haver um, olharei para o lado e tocarei um ombro qualquer, e direi algo como: - está calor hoje, hun? Não... melhor não, melhor dizer a verdade, sem frases comuns, sem tipos batidos já. Conto se recuperar o que me desfaz de humano, aquilo que me transforma em social individual ao invés de um indivíduo ao pé da palavra social. Não se assuste se, após o toque, lhe contar que comprei um perfume em 4x sem juros com entrada para 60 dias. Carnaval já tem conta para pagar.
*PS: merecidos créditos para a imagem de uma amiga, a "São Paulo" (preservarei o pseudônimo utilizado em sua página). Mais do trabalho desse ótimo olhar que nos empresta, aqui.
sábado, 14 de novembro de 2009
AMORAL
E assim ele se reclusou, primeiro, para organizar as ideias e refletir sobre elas. Organizou primeiro os sentimentos, sem palavras, para não perder a essência de cada uma daquelas interações químicas. Depois, tentou esquecer a química, ideia dos homens, construida e fundamentada por eles. Depois, tentou esquecer que pensava segundo aquele sistema que havia aprendida na escola. Apagou todas as aulas da memória e realmente reprogramou seu cérebro, fugindo daquilo que outro homem chamou de consciente e inconsciente, passando pelo subconsciente até entrar no quesito puramente incestuoso.
Por consequência, tornou se amoral. Sem sentimentos, sem ideias, sem ética, sem moral alguma. E isso lhe fez nem bem nem mal. Fez se a ele mesmo apenas. As palavras perderam sentido, não mais significavam. O pensamento, agora, funcionava de outra forma. As sensações eram puras, os sentimentos haviam mudados, já que agora, amoral, muita coisa perdera sentido sem a imposição de uma sociedade. O simples bocejar fora de hora, ofensa para alguns, agora era não mais do que ele mesmo e só. Depois da reclusão, tentou voltar, descer o morro e gritar aos seus iguais. Mas lhe ocorreu que outro poderia tê-lo feito. E se calou. E calando-se, voltou a sua anormalidade. Zaratustra ficou no chinelo.
Por consequência, tornou se amoral. Sem sentimentos, sem ideias, sem ética, sem moral alguma. E isso lhe fez nem bem nem mal. Fez se a ele mesmo apenas. As palavras perderam sentido, não mais significavam. O pensamento, agora, funcionava de outra forma. As sensações eram puras, os sentimentos haviam mudados, já que agora, amoral, muita coisa perdera sentido sem a imposição de uma sociedade. O simples bocejar fora de hora, ofensa para alguns, agora era não mais do que ele mesmo e só. Depois da reclusão, tentou voltar, descer o morro e gritar aos seus iguais. Mas lhe ocorreu que outro poderia tê-lo feito. E se calou. E calando-se, voltou a sua anormalidade. Zaratustra ficou no chinelo.
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