terça-feira, 30 de junho de 2009

CHOVE CHUVA COLORIDA

Pois é. Cada dia é cada dia, cada cabeça uma ideia, e as ideias permeiram um universo que é só delas, palavra nenhuma consegue representar. Cada coisa no mundo é uma coisa nova, e cada coisa nova é, pra gente de mente curta que é a gente, uma coisa que não se dá. Mas deu. Pense em chuva... o que você imaginou é muito parecido com água, núvens escuras e pesadas.

Eu vi uma chuva que não era de água. Era de sonhos, uma chuva toda de arcoíris. Acho que só eu vi, mas eu guardei um pouco dela. Acima você vê caindo as se7e cores. Clique na imagem, amplie. Você pode não entender, não acreditar... dizer que não, que não se chove cores coloridas de uma núvem branca atrás de árvores verdes. Nesse caso, se não acreditar, me escreva. Envio a foto original. Se a angústia for mais urgente, ligue, que te conto cada uma das gotas que me coloriram.

*Rodovia Marechal Rondon, 30 de julho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A PARTIDA

"Por severo tempo estive ancorado. O vento era demasiado, a tempestade intransponível, as núvens pesadas e negras beijando as ondas. Era a fase jovem do barco, e resolvi não arriscá-lo. Não que não acreditasse que ele poderia vencer essa natureza selvagem, mas por sentir que era hora de estar com as âncoras ao fundo, lançadas ao mar para amenizar meu balanço em meio ao caos. Era preciso esperar os ventos forte que sopravam diminuirem.

Depois, toda tormenta foi passando, mas o céu se coloriu de cores e minhas velas queriam tocar todas. E isso é impossível. É desumano cores de mais para serem tocadas. Eis a calmaria. E eis a hora de puxar âncoras, esticar as velas, e seguir com o vento.

A grande questão que observei era como o veleiro, apesar do mar o ter castigado por curto tempo, sentia necessidade de cortar as águas agora calmas. Porquê? Então soltei o timão e o veleiro seguiu um rumo esperado, soprado pelos ventos. Nesse soprar, eu naveguei em zig-zag, que é como se faz ao navegar com as velas. E indo em nesse vai e vem, percebi que embora eu me destine a um lugar de chegada, eu o fazia recortando a linha reta que me era sorrateiramente destinada. E lancei velas para frente, impelido pelo vento", disse-me o jovem marinheiro.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

COMPARAÇÕES: EU E DEUS


Pra começar Deus não acorda cedo todo dia pra ir trabalhar. Em contra-partida, não carrego a culpa ou a glória, como queiram, de ter mandando um filho pra ser maltratado, ofendido e humilhado pela humanidade. E morto, claro, todos sabemos. Deus não tem fome às 11h e fica até às 12h com o estômago roncando, esperando, clamando, desesperadamente, pelo almoço. Mas eu também não dou de comer - mesmo metaforicamente, como queiram - a todos os homens e mulheres e crianças. Eu como sobremesa, Deus o que come depois de dar de comer a tante gente? Gratidão? Hunnn, não sei se enche barriga, muito menos se é doce, sobremesa tem que ser doce.

Deus não marca ponto, eu marco, certinho. E ainda fico devendo horas, sempre. Em contra partida, ele é onipresente. Eu preciso cumprir obrigações, para com o chefe, para com a esposa, e para com a esmola que eu não dei, cuja prestação - já me avisaram - será no juízo final. E para com Ele. Eu penso, ele só sabe o quê eu penso. Eu vou a lugares maravilhosos, que dizem, como queiram, que Ele criou, logo, já esteve lá. Duvido que os fez por procuração, e-mail, carta, ou sinal de fumaça que seja. E eu pago pra ir. Ele fez de graça. Engraçado isso, rs...

Bem, eu chego em casa logo depois do serviço, ele... ele tem casa? Dizem que a igreja é a casa do senhor, mas o senhor chega cedo, fecha logo as portas e o sino da meia noite deve ser a porta da geladeira abrindo e fechando. Rá, duvido que Ele não tenha fome de madrugada, pois eu a tenho. Mas antes eu tomo banho. E no céu, hão chuveiros? Ou cheiram a Channel nº One? Se sim, o céu é muito perto da França, que aliás eu conheço e Deus me parece que não. Eu durmo assistindo Jô Soares, e você, Deus, o quê? Como vêz, nós somos sim comparáveis.

sábado, 13 de junho de 2009

COISASCOTIDIANAS: PRESENTES


PRESENTES
"Os preparativos de quem dá - Dias antes começa pra quem faz tudo. A escolha de cada cor de fita é mais dificil do o último problema sem solução da humanidade. O tamanho da caixa é sempre o maior e a cor é sempre a mais coloridamente sem tanta frescura. Quanto menos melhor. Menos - agora no sentido de "a não ser" - no tamanho da caixa e no volume do que tem dentro.

Os preparativos de quem recebe - Tamanho faz, sim, a diferença. Quanto maior melhor, quanto mais pesado mais importante, quanto mais colorido mais felicidade. Estamos falando do embrulho. O nariz torce sozinho às vezes dependendo do que é. O sorriso tá no rosto. Presente tem que desembrulhar, tem que ter laços, fitas, papel e durex. Quanto mais melhor."

*e o mais gostoso é saber que foi feito com carinho, que alguém deu seu tempo pra fazer aquilo pra gente. Eu fico imaginando... "olha só como foi fazer aquilo, sair atrás de cada coisa, saber que tudo ali foi tocado pela pessoa querida, e tal". Os presentes únicos são os que são relados.

PS: Feliz dias dos namorados a todos, especialmente pra vc, pessoinha do meu caminho que eu amo tanto!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

COISASCOTIDIANAS: OLHAR O CÉU

OLHAR O CÉU
"Ver e não ver o que muda justamente por ser capaz de enxergar apenas o momento da mudança, sua fase transitiva, sem montar o todo na cabeça. Mesmo assim encostou o peito na grade fria e olhou para baixo. Creio ser final de outono, maio já está no final. A máquina fotográfica transfere o pensar dos meus dedos sobre o céu, suas formas e deformações que só se vê com o passar.

Como me frusto em ver fragmentado, ver a mudança em flashs, cada uma das etapas mutativas, sem formar na mente o desenho com o todo, mas apenas as milhares pequenas partes dele. Que pensamento treinado a imaginar as partes, as frações. Mas meu dedo aperta e o todo vem. O caminho se fixa em mudança e apresenta não uma pegada do tempo mas todo o seu vulto, fulgás por sinal. E este rastro me dá saudade, me traz saídas e me diz que é hora de dormir."

COISASCOTIDIANAS: SONO

SONO
"A cama limpa, esticada seus lençóis antes. As cobertas abertas, abraçam suavemente o colchão. O colchão a espera de calor, as molas que não rangem e o quarto esperando o sono antes mesmo do corpo e da mente entrarem. Eles chegam. Se entreolham, se cumprimentam silenciosamente. Cada um tem muita estória pra contar e antes de dormir um pouco delas acabam sendo ditas. Mas não é regra.

Os segredos ficam entre o travesseiro e as palavras nem sempre ditas, mas às vezes derramadas. Não dá pra dizer nem que são lágrimas, nem que são palavras, pois não são nenhuma nem outra. Mas estão ali perto disso. Os soluços. Alguns rugidos de um choro contido, quase um soluço. Não, era sim um soluço, mas eram palavras na verdade. Não digo que chega o sono, mas que passa a angústia.

E os pensamentos vem de mansinho. O silêncio traz um pouco de mata saudade, os eventuais problemas se silenciam, algumas pessoas que não deveriam passar por ali naquele momento. Tudo está normal. Da janela alguns carros começam a passar, logo mais são os ônibus depois os passarinhos. Algumas motos, afff, como elas são barulhentas daqui da janela! A noite se cumpre.

Queria muito acordar um passarinho, sempre cantando um canto que eu nunca percebi triste".

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O MÁGICO QUE EXISTE

E então eu conheci um mágico que existe. Vestia roupas costuradas com o mais fino fio já feito, tinha as cores mais vivas que já se fiaram, arrastava a longa capa varrendo segredos para dentro de suas costuras. E todos, todos, não tinham outros olhos senão para aquele que da cartola tirava um coelhinho branco todo macio e agitado.

Perguntei seu nome, em cada lugar em que passo era um, me disse. Mas simplesmente "Mágico" serve para todos eles, confidenciou. E, caro Mágico, perguntei, onde se ensinam tais coisas que só você sabe?

E ele disse também não sei eu, se soubesse as mágicas não seriam mágicas e seriam, estou muito certo sobre isso, seriam feitas da nossa bondade e das coisas que acontecem quando estamos com quem está disposto a nos encantar com sua atenção e carinho.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

COISASCOTIDIANAS: CAFÉ

CAFÉ -
"Então pegou uma xícara limpa, mesmo assim passou água, olhou seu fundo, nada encrostado. Do lado oposto, sobre o armário, pegou o pote com a mistura de pó preparado para o cappuccino. Tinha pouco, pegou tudo, na verdade virou o pote diretamente na xícara. Fogão ou microondas? Não gosta de microondas, mas mesmo assim o fez no microondas. Não há fogão por perto do microondas. 40segundos. Não tá quente, tá mto frio aqui fora na vida. Mais 40. Tá quase. Mais 10. Dá. Mexeu. Grudou no fundo, esse gruda, é o tipo do pó. Mexeu mais. Esfriou. Mais 15. Mexi de novo. Agora tá no ponto, cor boa, boa proporção de pó/água. Não tem leite aqui. Ele prova. Ficou aguado. Claro, é feito com água."

(meu café hoje cedo)