quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sempre "acontece que" alguma coisa



Acontece que, agora, quando abro minha janela nesse sol da meia noite, entram pra minha cama duas luzes que piscam sem parar: essas ai, da foto, uma amarela outra vermelha. Acontece que já não tô pra essas coisas, não pelo ano todo. Acho até graça... no natal. Mas acontece que sei bem que esse não é bem o problema. Meio que é dentre todas as minhas encrustrações atuais que está a vontade de parar por um tempo e ir pra NY passar uns dias na assistência de um razoável fotógrafo (sugestão de uma querida tia). Parar com o trabalho de todo dia, parar com a correria que todo ser humano é capaz de criar pra si mesmo e, com tal reclusão, também com a simples falta de respeito de pessoas que foram cagadas no mundo (sim, agora é certeza). Mas acontece que pra parar não se pode parar tudo. Nem o mundo vai esperar essa pausa. É ai que boto uma música que gosto, acendo um incenso e venho pro blog. Pra pensar, não sei. E agora, às 3h13 da noite, como se já não bastasse a luz que vem deitar-se junto comigo, o porteiro começa a lavar a calçada. Jájá espirra água e acordo achando que fiz xixi, de novo, na cama.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Esses velhos de vinte e poucos anos


Sei sobre muitos velhos - como eu - cuja energia se vê não se sabe de onde se vem. Plantam horta, caminham devagar e claramente cansados em poucos passos, mas seguem, sempre, pois vêem a vida que se vai... Conheço jovens que não andam mais de uma esquina para comprar refrigerante mais em conta, que não vão em festas porque no outro dia precisam acordar cedo para manterem-se descansados com a vida que passa e sequer tais olhos descansados vêem. Suas energias se vão não se sabe por onde. Canso apenas de olhar para esses tipos cansados. Onde já se viu deitar tão cedo, antes dos 50 e poucos anos, fechar os olhos, manter os tênis novos e os Kms do carro baixos? Compram GPS para se localizar e sequer localizam o caminho mais distante, menos pisado. Tem um pneu novo por mais tempo e não gastam os vidros de tanto olhar para novas e impensáveis paisagens. Que saudade que a minha velhice me dá, aqui aos 29!  

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dos pequenos mundos descobertos


Caminhava pelo Intercom um cara com olhar inquieto, roupas de quem não sabe se vestir no frio, um óculos que não ficava bem no rosto e um leve sorriso na face. Andou por tudo, subiu, desceu, olhou de um lado, olhou pro outro, olhou pra você também, aposto, e sempre centrava-se novamente no caminho. Deve ter dito a você bom dia, algum dia, ou boa tarde, numa outra tarde. Escondido, levava um segredo: sua máquina fotográfica; não se acanhe, pois ele fotografou mais pelas costas. Talvez você seja uma dessas quatro pessoas da imagem acima, talvez não. Talvez você seja um dos pequenos mundos descobertos por ele, por esse cara de caminhar centrado que não sabe se vestir no frio. Nosso cara escreveu um texto, em algum lugar, que fala de alguns desses mundos que conheceremos agora. Abaixo, apenas cinco Deixaremos os demais para serem ditos conforme tenham que ser. Grande abraço aos colegas do Intercom 2010.

"Franco, lembre do presidente: Itamar Franco"
Mesmo após tal ressalva, o nome que o cara não esquecia era Franco Montoro, ex-governador de SP e filho de tipógrafo. Talvez essa ligação com a prensa fosse mesmo a mais forte na ocasião, durante o Intercom 2010, o maior congresso de comunicação do Brasil. O fura fila Seu Franco assegurou que anotasse o seu contato seguramente, e essa ressalva ajudou a peregrinação hotel-Universidade nos dias de congresso. Seu Franco, o primeiro taxista que nosso rapaz teve a companhia durante um café com leite. Sem ele, não teria visto nenhum cassetinho no dia 01. 

"Estamos esperando o tempo passar"
Essa frase, que bem poderia estar em algum trecho do clássico filme Ponto de Mutação, foi escutada por nosso cara, aquele de olhar inquieto, durante a noite em que esperava o Seu Franco ("Lembre do presidente, Itamar Franco"...). Vindos da Paraíba, 3.550km depois, cerca de 3 dias e meio de viagem e com apenas R$500 de patrocínio da universidade, um grupo de 6 pessoas esperava, pacientemente, o amanhecer para então subir em mais um ônibus até a cidade de Farroupilhas, vizinha de Caxias do Sul, local do Intercom. Não conseguiram hotel, nem alojamento na própria Caxias, e foram obrigados a viajar todos os dias da cidade vizinha té o congresso.

"Oi, vocês vieram pro Intercom? Vamos dividir o taxi?"
Foi numa dessas corridas que 3 outros jovens do norte (de algum lugar do norte/nordeste) relataram também suas peripécias: fizeram 3 escalas a mais. O voo que seria apenas uma escala no Rio de Janeiro, na realidade, era uma baldeação: chegaria pelo Galeão e, do Santos Dumont (um dos pousos e decolagens mais lindos que se viu) iria pra São Paulo. Descoberta a baldeação, correria para o outro aeroporto de bus. Decolaram. Foi um Rio-Sampa rapidinho, mas... mais 3h de espera em SP pra embarcar para Caxias. Depois do atraso graças a baldeação feita de bus (Galeão-Dumont) e um novo atraso já em SP para o sul, o voo sobe novamente. E o que os esperava mais pro sul? Atraso, claro. Sem teto, pousaram em Porto Alegre e foram , mais uma vez de bus, agora pra Caxias (2hs apenas).

"Pega pra Forqueta, ali, duas quadras pra cima, na esquina"
Nosso cara ficou 2h, pleno domingo, esperando o tal Forqueta. Não veio, parou qualquer um: "Mas aqui não passa Forqueta, só lá na frente. Sobe, esse passa lá". Depois, "lá na frente", mais 1h. O destino era o Museu da uva e do vinho. Chegado lá, dona Gema o recebeu. Conversa vai, degustação de vinho vem, fotografias, flashs, tudo lindo, antigo, um museu, enfim. Degustação grátis vende: nosso rapaz levou quase mais do que pudia carregar. Um caixa, cheia. Mais na mochila. O que valeu a visita, além do bom vinho Forqueta, foi o Roque, primo de Gema. Em meio aos visitantes do museu ele pediu, em italiano, à Gema para apresentar a fábrica de vinho, fechada para visitação naquele dia. Assim o fez pois lá fora nosso cara havia puxado assunto, começado com aquele típico "bom dia", muito gentil. Agraciado, nosso cara de óculos escuro pode conhecer todo o processo, contado etapa por etapa por um funcionário com 15 anos de casa!

"Acordei em três quebras, mas dizem que foram sete"
Na realidade, foram cinco paradas/quebras que tornaram uma viagem de 15 horas numa de 28h30. Destaque para a hora "0", ou quando se deu 24h dentro do bus: palmas, assobios, uma festa que só vendo. Depois mais algumas paradas para banheiro, comer ou porque tava perdido mesmo. Essa aconteceu com nosso cara de óculos estranho que não sabe se vestir no frio. Um violão dentro do bus era tocado às vezes. A comida,  levada em dobro, foi a salvação. Muito tereré facilitou o caminho digamos "torto" de Bauru-SP até Caxias do Sul-RS. Um pessoal que ia de avião no dia seguinte quase os ultrapassa pela cabeça, literalmente. Nas quebras, tanto quanto nas paradas, mexer com a perna foi um alívio. E embora a turma de Relações Públicas não tenha se comunicado muito com a turma de jornal (e vice-versa, claro), garanto que todos iam para um congresso de COMUNICAÇÃO. Pois é... é a velha história do santo de casa não faz milagre, em casa de ferreiro o espeto é de pau, etc. Mas pro nosso cara, cujo óculos não ficava bem no rosto, comunicar não é problema.

Aquele abraço!     


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Coisas que devem ficar na saudade



Sempre que me falam sobre malas, espaço e recordações, peço para que guarde no coração. Se o coração for grande há sempre chance de caberem mais coisas. Se for pequeno, tente apertar, faça o que puder. As lembranças de carinho são as primeiras a serem guardadas: assim como a da foto que, mesmo de longe, me chamou a atenção e me fez lembrar de todas as vezes que sentei com uma pessoa querida e que ganhei um abraço. Depois, poria na saudade tudo o que não coube na mala: lembranças e as roupas novas, que voltam pra casa conosco. Ela vem mais leve, apesar de conter mais coisas. Trago, de minha última viagem, muitas flores, árvores lindas e pôres do sol dourados com um douradinho todo especial. É frio, e em Caxias do Sul-RS, o sol toma um tom muito especial no final de tarde. E é de lá que me lembrarei dos raios mais dourados deste inverno, aquecidos por corações como os dois da imagem acima.