quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Te vi passar, estrelinha

É uma estrelinha menor que um vagalume, mas isso porque eu é que vejo de longe. Mas lá, onde ela vive, ela brilha feito mais do que purpurina. Sei que é uma estrela grande, que brilha muito, sei porque toda vez que olho para cima ela esta lá, brilhando reluzida. E para ser assim não pode ter tamanho menor que um tanto assim, ó, do meu universo. Acontece que nem toda estrela fica para sempre, essa pelo menos é cadente, mas se não fosse por isso não teria passado perto de mim. Já aprendi que algumas são assim mesmo, passam rápido, já vi várias. Muito rápidas por sinal. Mas acho que por isso o rastro que deixa é grande, porque passa depressa e com pressa. Ela quer brilhar por onde puder, no tempo que tiver, e deixa o rastro por ai, para a gente olhar daqui. Fica pouco tempo, mas sobra por muito. Tem outras que é ao contrário, mas essas se apagam da cabeça da gente, mesmo ficando mais tempo. A minha, essa ai, menor que um vagalume, passa bem depressa mas fica que nem chiclete no cabelo. E tenho certeza que esse brilho ainda aumenta, mesmo se apagando para mim, mas já disse: isso é porque eu é que continuarei vendo de longe.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A astúcia nossa (por fases da vida)

Criança, ter mais brinquedos em quantidade chamava atenção das outras crianças. Coisas novas também. Astutos, trazíamos eles embaixo do braço, mas bemmm às vistas dos outros. As meninas, à época, torciam o nariz para isso... nunca entendi. Menino, foi a vez da bicicleta ser o centro da atenção, era astuto pedalar e passar bem rápido perto dos outros. Ninguem notava; as meninas, à época, andavam bem devagar... nunca entendi. Adolescente, lembro que perfume, roupa nova (preferencialmente cara) era como que nem meus antigos brinquedos: dava inveja. À época, as meninas sequer notavam... nunca entendi. No colégio, atrativo era zuar colegas, desrespeitar qualquer coisa que exigisse respeito. As meninas adoravam isso, mas repudiavam... nunca entendi. E a faculdade? Chegar atrasado é bom, todos te notam; sair mais cedo também: coragem. As meninas faziam o mesmo, só que com mais coisas embaixo do braço balançando do que os homens, bemmm às vistas dos outros... nunca entendi. Nas festas, a gente se reunia e olhava bem devagar para todas, praticamente, e tentava passar segurança (que n tinha); as meninas, bem rápido e olhando à frente, fixamente, passavam por nós... nunca entendi. Já adulto, casado, nossos olhos se voltavam para algumas questões que bem nos lembravam o passado; agora essas questões (àquelas que acompanharam nosso crescimento) passavam bem devagar, em carros bonitos, e nós torcíamos o nariz para isso... passei a entender. Já velho, chego atrasado nos lugares, é ruim, todos notam; e saimos diversas vezes mais cedo, e todos sabem porque. Já elas, são levadas embaixo de vários braços mais novos, bemmm à vista dos outros... eu entendo. Mas agora não dá mais para se reunir com os outros para olhar para tudo isso, pois muitos já são outros em lugares que alguns ainda não chegaram. Mas estamos a caminho... 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quando quis mais você do que a mim


Essa é uma daquelas vezes que procuramos um poço para olhar dentro, uma metáfora reflexiva sobre olhar para dentro de nós mesmos. É isso que faço agora. Olho para dentro. E percebo que procurei você todas as vezes que eu a mim mesmo não me era suficiente. E percebo (pq você me disse) que isso foi ruim. É que quando me dei falta de algumas razões, sem outros tantos motivos de alegria, foi em um certo amor que eu me apoiei. Mas parece que tropecei grande, pq grande era o amor também. E isso sufocou primeiro a você e depois a mim mesmo; e nos fechou, um ao outro, primeiro dentro de nós mesmos. Amar sem medida não é a medida de um grande amor. Percebo tarde. Isso que dá, nunca se sabe quando se põe água (amor, fique claro!) de mais ou de menos num copo. E acho que foi que transbordou, foi isso  (você deu outro nome). Fico triste porque eu mesmo não percebi, mas não foi egoísmo. Foi acho que um pouco de azar mesmo: naquele dia já tinha acordado com o pé esquerdo.    

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Passarim feito pra voar

 

Passarim feito pra voar, avoe, não fique ali parado como quem diz sentado pq as asas não bate. Se quer falar sobre isso, de nada adianta, você é passarim e pronto. Ícaro não era e virou mito, mas você, que é, fica é muito esquisito posando pra foto. De criança eu pegava os pequenos e cuidava, eles logo se iam e eu não entendida... tinha tudo aqui, até casa de caixa de sapato, do último sapato comprado, casa nova. Ainda não sei se iam ou se iam é com ele, minha mãe não detalha. Se voam é pq são assim; eu, sem asas, sou só suspiro. Queria numa queda livre só fugir do gavião, e lá, depois do mergulho emocionante, subir novamente e procurar um riachinho pra tomar um gole. Refrescar e depois procurar outro gavião pra mais uma disputa. Ou quem sabe ia pro sol, ter um papo com o Ícaro que, sim, vive por lá. É dele que se caem as penas que vemos no chão. 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Primeiro segundo, terceiro, quarto, quinto...

Tinha ele um peso alegre nos ombros: era a saudade dos amigos que batia, todos longe já, crescidos, casando-se e tendo filhos e outros cumprindo esses dois ao contrário. Sabia ele que saudade é comida farta e boa, que diz a refeição ter valido a pena. E sentia muita. Alí, no sofá, ocorreu de ter tido com as ideias o seguinte: se hoje tem seus amigos que se foram morar longe, um a um, um dia o primeiro deles terá que ir mais antes do que os outros, e esse chegará sozinho na frente. E assim, ao invéz de ver os amigos indo um a um para os mais variados cantos, verá-los é voltanto - tomara um a um - para perto novamente. E será feliz a cada volta, o oposto do que senti ontem, lembrando deles indo e indo-me também da mesma forma. Mas não sei... não queria ser o primeiro a chegar lá para receber a todos. Enquanto a isso tudo bem, o primeiro já está lá, a espera do segundo, terceiro, quarto, quinto... de mim?