sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ESTADO AUTOTÉLICO EXISTE

ESTADO AUTOTÉLICO


É garantido pela constituição, mas é financiado pelos impostos: saúde, locomoção e segurança. Citarei apenas estes. O Estado autotélico existe. Ele é algo que não tem sentido fora de si, e o Estado brasileiro, a si mesmo, subtrai o sentido da sua existência. Nossa democracia exerce seu laicismo de separação entre animal e humano, a capacidade de se distinguir pela consciência e pelos benefícios que pode trazer a si mesma, e ruma para um destino de auto-exclusão e destruição.


Dupla cobrança

Com as privatizações e deliberações de questões essenciais para o funcionamento da nossa sociedade, o governo transfere suas obrigações de Estado organizador para empresas e serviços, e, ao mesmo tempo em que não deixa de recolher impostos, permite que essas empresas e serviços também cobrem dos denominados cidadãos. Esse conceito pode ser simplificado: antes, ele cobrava e nos “organizava”. Agora ele deixa que empresas cobrem para nos organizar, isso sem deixar de também cobrar para manter uma parcela mínima, tanto das empresas quanto das pessoas.


Claro que não é o Estado, mas tais representantes que assumem o poder e sua febre em fazer uma corrida do ouro faroeste norte-americano. Bang! Bang! Tiros para todos os lados, dinheiro que entra. Dinheiro que entra. E dinheiro que entra. Sai por meios que viabilizam empresas como a Transbrasiliana a pedagear rodovias como a BR 153, que interliga São José do Rio Preto-SP a todos os pontos do País, praticamente. Com essa prática, o governo delega a esta empresa a responsabilidade pela manutenção do trecho sob concessão. Quem passar por lá, mesmo já pagando o IPVA do seu automóvel (imposto destinado à manutenção das estradas), será obrigado por lei a pagar, novamente, um imposto que prevê a manutenção de estradas (O IPVA é destinado para rodovias Estaduais, a BR é federal. Citei esta como exemplo por fazer parte do meu cotidiano. Mas uma rápida procura no Google mostra quais são as rodovias Estaduais com pedágio. Um exemplo: www.estradas.com.br/materia_pedagios.htm). Os Estadistas duplicaram a cobrança de imposto, antes cobrada apenas uma vez do contribuinte. Assim acontece com a Saúde, com as empresas privadas oferecendo serviço com mais qualidade e melhor atendimento. Assim acontece com os seguros diversos, com empresas privadas oferecendo segurança a custos cada vez mais baixos.


Permissividade

Com essa permissão do Estado, que pode ser conseqüência do desenvolvimento humano, a instituição mãe vincula a organização de todos em convivência com a mesma organização por parte de empresas, coexistindo num mesmo espaço de tempo – e espaço. A sociedade sabe mas parece não refletir sobre a não necessidade de uma delas, da privada ou da pública, ou ao menos da cobrança ao mesmo tempo pelo mesmo tipo de organização social, seja ela democrática, seja ela empresarial. Qual a necessidade do governo cobrar por impostos para a manutenção das estradas se as empresas já cobram pedágio para isso? E ambos os pagamentos – ou contribuições – são OBRIGATÓRIOS. A saúde privada ainda não se tornou obrigatória, mas está no caminho graças às condições na qual a saúde pública se encontra. O mesmo – e talvez com mais urgência – é a segurança. Ambas as degradações podem ser vinculadas não apenas à delegação de certas responsabilidades do Estado para o setor privado, mas também a degradação moral e ética de toda a sociedade.


Estradas pedagiadas com asfalto ruim, convênios médicos com filas enormes e seguradoras que cobrem suas apólices apenas se o ladrão do automóvel for preso com apenas uma metade do automóvel em seu poder.

É visível ser desnecessário a existência da dupla cobrança – privada e pública – pela organização social. Antes era apenas a pública, agora existem as duas no dia-a-dia, e é observável a futura existência de apenas uma delas. Caminhamos em aceleração constante para a não necessidade de uma dessas cobranças.


A falência de uma delas

E este momento representará a morte de uma delas. Como o Estado prevê a livre organização do comércio – e assim das empresas privadas – creio ser o mais atingível, uma vez que o setor privado faz questão de exercer pressão sobre o Estado. Democraticamente, apenas a sociedade poderia exercer pressão sobre o Estado, que, por sua vez, nada exerce sobre o comércio. Mas a sociedade carece de algo que exerça pressão sobre si mesma. E é ai a origem do problema todo.



quarta-feira, 29 de outubro de 2008

MENINO MUDA O MUNDO

Nada mais apropriado do que a música que segue, do 14-Bis. Maravilhosa...


BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE
14-BIS

"Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente, o sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão

Ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir

Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor

Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver
Não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude, o solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão"

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

ISSOÉLuGAR?


De longe, era aquilo que se via: um cruzamento. Dizem que o cruzamento, a "encruzilhada", é lugar de pacto com o Diabo. Assim nasceram os brilhantes tocadores de Jazz e blues [vide A Encruzilhada].
Mas aqui, em Rio Preto, nascem apenas Pombos. As imagens dizem tudo. E ouvir, dessa vez, não foi tudo. Foi preciso olhar para não ser atropelado mesmo para "ver" o inesperado.

sábado, 18 de outubro de 2008

ALGUÉMmaisVIUELA?

Esse é o mesmo sol dai, de baixo, 5min e 15km depois. Ainda verei a Aurora-Boreal, e os raios, os últimos raios me lembraram o desejo meu. Mesmo assim, uma coisa nova: a estrela-d´álva, guia dos navegantes. Eu tinha placas, mapa, celular, tanque cheio, mas a humanidade já contou apenas com esta estrela e um pouco de boa vontade do vento - e nem faz tanto tempo assim.

17/10/08
Pirajuí-SP - Rodovia Marechal Rondon

Pôr-do-sol

Pôr-do-sol, 17/10/08
Dia D, mas nada de outubro vermelho, apesar da tonalidade dada pela "temperatura de cor", um elemento presente e constante da fotografia. No amanhecer, o tom é o lilás, o roxo; ao final do dia, o avermelhado é mais constante pois a terra está mais quente.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

SABIÁ, SABIÁ. EU NAO SABIA [Ouça com os Olhos]

"Sabiá, Sabiá, Sabiá
não eu não sabia

Que o Sabiá assobiava eu sabia
Mas Sabiá!

E Sabiá se sabia
um dia que aquele Sabiá viraria melodia

Mas fácil foi virar; dificil foi Sabiá
Afinal, eu sabia que hoje em dia
Sabiá é paca melodia"

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img: Velho Santiago
Série: "Ouça com os Olhos"

YOU KNEW JUST WHAT I WAS THERE FOR

Blue Moon, you saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

Blue Moon, you knew just what I was there for
You heard me saying a prayer for
Someone I really could care for

And then there suddenly appeared before me
The only one my arms will ever hold
I heard somebody whisper, "Please adore me"
And when I looked, the moon had turned to gold

Blue Moon, now I'm no longer alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

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LUA CHEIA DE OUTUBRO, 13/10/08
img: Santiago Garcia

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

DEoLHOemTUDO

Em dias nublados e com chuva é mais fácil ver o contraste entre o quente e o frio. Os vapores se formam mais logo quando são produzidos e permanecem mais tempo no ar. As imagens são da Usina Monterey, e foram tiradas da BR153, quando de volta à São José do Rio Preto-SP. Vi nescer esta usina, presenciei toda a sua construção da massa asfáltica enquanto eu ia e vinha.

De longe já é algo muito grande, que nem a cana-de-açúcar alta é capaz de esconder por completo. É preciso enxergar - e não apenas ver - e pensar sobre aquilo que se projeta em nossos olhos. É preciso transformar tais pulsos elétricos em razões. Talvez em um mundo mais limpo para o bem de todos.