sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Noite angular


Há todo um espaço vazio esperando ser preenchido. Ele é azul. Às vezes branco. Às vezes preto. Avistado de um bom lugar, olhado de lado a lado, ele é interminável. Cabem todos os pensamentos, seja os já feitos, seja os deste instante, seja do tempo a seguir. Mas tão efêmeros que, de repente, crepúsculo! A maioria dos pássaros se cala enquanto outros começam seus cantos. Na escuridão, eles são dissimulados, tristes, inconstantes. O céu escuro se abre em uma noite grande angular. Algum homem menino criou brinquedos pra ver a viajante luz que chega daquele espaço vazio. O céu não é mais azul. Nem negro. Agora tem brilho, cores escondidas. Aparecem magenta, cian, laranja no horizonte. Às vezes algumas cores ateiam fogo no céu e na nossa imaginação. São mais que meteoritos. São sentimentos navegando por lá, naquele mais que um Google vazio. Há um espaço todo preenchido por pequenas esferas de cristais além céu. Vai se alegrando conforme a hora avança. A minoria dos pássaros então se cala enquanto outros tantos começam seus cantos. Já na penumbra do amanhecer, sussurramos todos os nossos pensamentos antes de ir pra casa. O céu se abre em um dia objetivo enquanto, enfim, a noite dorme, angular na espinha dorsal do universo.

domingo, 3 de abril de 2016

Sem controle


A gente fala de controle, de escolhas, mas sinto eles todos tão desobedientes! Não era isso que eu queria, nem me imaginei nessa situação. Quanta falta de respeito, repetidas vezes. Ser perfeito não sei se existe, mas ser desrespeitado por toda e qualquer falta de qualquer perfeição é um fuzilamento moral horrível, incontornável visto daqui. Claro que assim todo mundo será atravessado todos os dias por essa intolerância. O que gosto de você? Reforço. O que não gosto? Tolero, no máximo converso e buscamos correção, um equilíbrio. Revidar não é claro que destrói-se ambos os tecidos? E tenho tentando não combater fogo com fogo, mas o amor não vence a dureza desse aço não. E se a vitória vem no final, depois de mta persistência e maturidade, de que adianta? A vida não é a passagem e chegar ao fim para ser feliz é o mesmo que sentir o sabor do chocolate sem ter colocado ele na boca. Sei se quero não...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Das chuvas {eternas ou não}


Acontece que eu queria estar ali, me molhando na chuva. Mas, ao invés disso, estou aqui com medo dessas nuvens pesadas que vem em estações que equivalem a uma vida toda. Decidi que esse ano muda... há um fundo de vontade na mudança, mas há uma enorme resistência do coração na persistência do cotidiano. Não é medo, nem insegurança, é amor mesmo. Estou aqui por opção. O que sinto, o que tenho vontade, o respeito que ainda guardo... tudo tão cada vez mais escondido aqui dentro. Do lado de fora não percebo reciprocidade. Não que não exista, mas por não ser demonstrada me empurra mais distante e me faz sofrer. "Já conversou?" - máxima que escuto nas poucas vezes que sem querer deixo sair da boca algum murmúrio lamentuoso. É claro que já. E já de novo. E de novo. E de novo... e nesse looping eterno das conversas que tento estabelecer fico é tonto com tanta repetição de assunto. Amor é cada vez mais dizer bom dia, obrigado, e se importar com o outro. É tudo que fica, não? O resto o tempo leva e consome.