quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Riscos do caminho


Caminhante, não há caminho. E os caminhos, quando feitos, são de pedra, José. E então é fácil perceber que não há amigos príncipes, com espinhos, flores ou vinho tinto. Mas havia uma música, me lembro, de quando estava à toa na vida. Sem ninguém me chamar, nem ao menos o samba voz do morro, sim senhor, ela tocava. Calma, fazia mirar um exemplo de vida, de mulheres distantes que não se entregavam ao tempo. Tempo e caminho. Levando, velho que sou, bem cedo. A criança também se levante cedo. Antes de passar pela mocidade, pensava que isso poderia ser coencidência. Talvez seja. Mas percebi nessa mocidade que os riscos existem e não tocam música. Percebo que convém encará-los, aqueles que eu escolher, dançando a música deles. Paradoxo não, metáfora. Encaro os riscos que encararem minha realidade. Daqui, com tão pouco tempo da vida rápida que passa, me parece haver muito para se ter tempo suficiente para se viver. E fica a falta de memórias menos abstratas, sentimentos mais confusos e caminhos com mais riscos. Olhando agora, de longe no tempo/espaço da vida que levei, percebo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Seu sorriso



Desde aquele primeiro sorriso seu o tempo continua sua sina: correr ora vagarozamente ora demasiadamente acelerado. Em ambas situações, às vezes, cruzo com um motivo ou outro que me traz aquele instante belo para diante dos meus olhos, como se fosse um passe de mágica. Mas eu não sou mágico, então quero que saiba que não há magia nesses instantes, apenas saudade. É como se você estivesse ali, na minha frente novamente. Eu não sinto nada além de uma calma saudade, que se instaura sem pressa e toma forma bem definida, que fica estampado no meu olhar brilhoso cheio dáguas e no sorriso meu sem jeito que ninguém percebe. E se perguntam: "porque você está quieto?", nas raras vezes que me entrego, eu nego. Explicar levaria muito tempo, e já que ninguém saberia reconhecer seu sorriso - nem atribuir o mesmo sentimento que somente eu sou capaz - então prefiro me esquivar. Seu sorriso continua presente em mim, mas agora na boca de outra pessoa. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Foco



Todos me pedem foco, menos aqueles que não. Óbvio de mais não é essa primeira frase, é aquilo que querem de mim: meu sangue. Mas só terão se for assim: se eu der! Se não, não. Óbvio! Nem tanto. Já me dei diversas vezes e fui demasiadamente cobrado além do que poderia corresponder. Ou do que eu queria COrresponder, já que respondo melhor aos seus impulsos mais instintivos, naturais. Pouco me fiquei preocupado antecipadamente ou posteriormente pelas suas convenções sociais, morais, éticas, psicológicas, religiosas, metodológicas, enólogas, que seja. Que se lixe isso tudo. Foco desembeleza o passarinho presente na minha mente. Ele é bonito assim, em movimento parado num instante permanente; realidade apreendida com a percepção ampliada pelo resultado da prática fotográfica. Já que minha mente humana tende a completar o abstrato, forma pregnante repugnante que suga minha sensibilidade, não quero então você. Quero é o que eu sinto por você. O desfoque do que sinto é muito mais sensivel e gostoso do que o foco do que percebo: coisa acabada e só.