terça-feira, 4 de setembro de 2012

Um nó. No peito


O que aconteceu foi assim: vi um papel se transformar em um nó. No peito. Desse que deixa de ser uma lembrança doce e contida na garganta pra se transformam num papel amassado e delicadamente posto de lado. Não se apaga da memória os momentos em que, ao desembrulhar aquele sentimento, o barulho rompia com o silêncio e com os olhares nele navegando saborosamente. Foi quando o leve toque protegido entre esses dois pelo algodão frustrava qualquer desejo antecipado, e suas vontades confusas e contidas deixavam a simples promessa de sabor mais adocicada ainda. Nesse movimento tais vontades revelaram-se, numa das pontas desse papel, contraditórias e, na outra ponta, confusas. Tantas foram as palavras colocadas tão naturalmente, tão docemente que fundiram-se sem o sabor desses dois. E o desejo ali se dissipou... primeiro em uma das pontas... até levar também o da outra. Presenciei, ainda, boas explicações que envolviam destinos, fases positivas da vida, situações demasiadamente delicadas, complicadas... elas não me convenceram. Assim, no meio disso tudo, um nó. Testemunhei tantas tentativas de desfazê-lo! Estranho foi saber que todas essas tentativas foram sinceras e honestas, mas mesmo assim parecem não ter tido efeito algum. Mesmo com olás brancos engavetados. Creio que as tentativas tenham sido esgotadas quando encontrou-se aquele beijo no canto de uma foto quase perdida nas nuvens. E foi justamente quando apenas o nó criado pelas próprias pontas os separava. Fez-se, naquele momento, nó de chocolate branco.