quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

21 anos separam eu de mim



Ontem deu saudade. Daquelas que às vezes pegam a gente de jeito. O gatilho, claro, foram as coisas atuais que entraram em conflito com aquelas da memória: árvore de natal não montada em pleno 19 de dezembro. A família longe, distante, apesar do contato constante. Falta o cheiro, sabe. A porta que abre bruscamente, o barulho dos cachorros tão carinhosos com quem eu não consigo trocar mensagem. E então revejo essa cena de um trabalho de biologia feito com pessoas que sinto boa saudade, em 1997: 21 anos separem eu de mim. Para uma boa parcela da população, ver a si mesmo é natural. Para mim não. Não existia celular, computador, internet na cidade. Naquela época, tínhamos uma câmera na mão e uma vontade enorme de sair pelo mundo, conhecer e ver novas coisas. Aquele eu se encontra, hoje, com este. E o encontro é cheio de saudade e de abraços mais que apertados. Hoje a saudade ainda continua.