sexta-feira, 23 de abril de 2010

Onisciência durante um café

Também tenho isso de estar em todo o Tempo. Me acordo velho, passo dia moço, e não quero me deitar, menino que sou, quero continuar na TV. A ordem varia, muda toda manhã, toda tarde, toda noite. Mas sempre estou ali, menino, velho, moço, sem importar a ordem. No café, me vejo no reflexo do vidro, logo ao lado, eu com copo à boca. Mas ali fora, já na mais idade, também sou eu a ver-me dentro menino que estou, segurando uma xicara quente, com o cuidado que aprendi. Pra ti também quero me dar assim, sem ordem, mas na necessidade que você tiver. Menino pra brincar, moço pra te dar segurança e velho para segurar sua mão qdo tiver fraqueza. Sem ordem pra passar o dia, ou mesmo a hora. Sou assim desde pequeneninho, já acordei com uma xícara desse pensamento à mão. E sabe que gosto? Meu café esfria de tanto abrir o olho para fora. Mas lá, do lado de fora, o senhor que se apressa aquece meu coração jovem, mostrando que a vida que corre. E insinua que é depressa demais pra eu não cavalgá-la.

2 comentários:

lídia martins disse...

Reconsidero-te, Santiago.


E estou de volta, antes que o tempo passe e não achemos nele nenhum contentamento.


Amo-te.

Um beijo.

Ver@cidade disse...

Naveguei por tantos lugares ultimamente. Uma overdose de ver, ouvir, sentir.Isso fez uma confusão no meu tempo de gente. Ainda bem que os encontrei neste lugar. Observar e conversar com o menino, o moço e o velho deram-me conforto, ufa, pude descansar, pensar no meu tempo de novo.