sexta-feira, 3 de maio de 2019

Quase 365 dias ao entorno de mim


Por quase 365 dias a Lua girou em torno de mim. Havia uma sombra, um lado oculto, que apareceu ao final da espera e da pior forma que poderia ser. Os 365 dias eram tempos essenciais: fortaleceriam as voltas ao entorno da Terra, atraindo cada vez mais as marés, enquanto, para ela, a minha Lua, era apenas mais uma volta ao entorno do Sol. Dois eixos, tantas voltas, uma translação e dois fenômenos ocultos. No final, os últimos meses eram de constante tormentas tal qual era a força dessa atração. A Terra, então, passou por nova era, um novo dilúvio, uma nova arca na qual era preciso escolher o que deixar dentro e o que deixar de fora. Duro, mas foi dada a chance de escolha. A arca foi fechada, a escolha feita, e agora resta repovoar o interior a partir daqueles poucos fragmentos que sobraram do lado de dentro, esmigalhados por dois eclipses, agora, sem fins. Para tantas voltas, um final inesperado. Se um de nós três pudesse escolher (o menino, o moço ou o velho), eles todos teriam escolhido manter tudo do lado de dentro e mudar a escolha feita. Mas dois eclipses ignoraram todos esses dias. Fizeram a Lua esquecer que a atração dela com a Terra fora feita dia a dia. Agora, pouco importa; a escolha determinou o mais importante, e não foram os quase 365 dias ao entorno de mim.

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