Sai, então a caminhar. À tira colo, minha máquina de bolso: queria aquelas pegadas de praia. E por onde eu ia não as via. Muito cedo, verdade, para se laçar coisas dessas, talvez quando praia cheia, quando pessoas acordadas e crianças por ali, correndo para um tempo que elas ainda não aprenderam a entender. Mais de 20 minutos contra o sol, a melhor luz, branca como algodão no céu, daquele que dá vontade de pular mais alto e numa bocada adocicar o resto do dia. Nada. Cheguei a pensar que naquele dia houvesse uma espécie de greve para Iemanjá, algum descontentamento não resolvido, quem sabe. Mais 20 minutos. Outros 20. Mais 10 só, se nada, eu volto. Nada. Fiz-me voltar, lancei uma perna como que cruzasse a outra. Foi então que entendi, mesmo na velhice, que muitas vezes em que tracei um foco, em que objetivei o importante, eu procurava em uma única direção. Me voltei e vi minhas pegadas. Estavam desde sempre ali, esperando...
*Créditos da imagem para verarenm´s.