domingo, 18 de novembro de 2012

Salada de professores


Às vezes, pra quebrar a rotina, fazíamos festinhas caretas na sala de aula. Era o finalzinho do Ensino Fundamental, mas lembro-me que mantivemos essas atividades também no Ensino Médio. Uma dessas festas era de Salada de Fruta: um vinha com a banana, outro com a uva, maçã, pera... e, quando montávamos tudo numa bacia de alumínio da cozinha da escola, estava ali nossa salada. E que salada. Não digo gostosa, já que tenho minhas predileções: não gosto de uva com semente, nem maçã com casca, também prefiro a salada regada com tubaína e não com suco de laranja. E jamais com creme de leite ou leite condensado. Mas hoje gosto mais da salada de fruta que me traz um breve tempo do passado pra mais perto, pro meu presente. Me lembro, antes de tudo e de todos, do professor Luís Carlos, de Geografia. Um homem sério em sala. Palavras bem colocadas e bem entonadas. Mas lições que não me esqueço: humildade, sabedoria... coisas que, quando adolescente, nos fechamos para reconhecer nos outros. Relembrando carinhosamente essas aulas, hoje encontro grande passos metodológicos em suas palavras. Devaneios que passeavam pelos diversos tipos de conhecimentos e materializações deles derivadas. Sobre a salada de fruta, fizemos, certa vez, em sua aula. Me lembro que falávamos que não era atraente o fato da maçã e da banana amarelarem. Ele sorriu, e então nos ensinou um segredo para que isso não acontecesse. Luís Carlos já se foi. Há uns 8, 10 anos. Mas eu, ao usar desse segredo agora há pouco, o trouxe bem vivo um pouco mais pra perto dessa distância toda.

domingo, 11 de novembro de 2012

Sou exatamente igual a você


Vi, nesses anos, tantas paisagens com esses meus olhos... quanto você, que trocou a imagem de fundo da sua área de trabalho do computador. Conversei e ri tantas vezes com desconhecidos... quanto você, com seus mesmos colegas em suas redes sociais na Internet. Olhei, maliciosamente, para tantas pessoas interessantes na rua, nas calçadas, nos ônibus... quanto você, que cutucou alguém no Facebook ou coisa que o valha no Orkut. Toquei tantas peles e cabelos: macios, com marcas de expressão, cheirosos... quanto você, com seu mouse e seus cliques nos botões esquerdo e direito. Senti em meus ouvidos tantos suspiros e calor... quanto você, com suas caixinhas de som e coolers de resfriamento. Falei alto, ri alto, gargalhei tanto... quanto você, e seu microfone embutido na tela do notebook. Abri minha porta, o portão de entrada do prédio e meu peito para tantas pessoas... quanto você, ao abrir suas novas mensagens de email ou mensageiros instantâneos no celular. Passei tantas horas admirando aquele rosto lindo da nova paquera, como o cabelo dela mudava de cor ao longo do dia, e como não tem fim tantas caras e expressões com o cotidiano que ela faz... quanto você, e sua foto aberta estática na nova tela de LED. Aprendi novas coisas, um novo suco, conheci uma nova comida, tantos sabores... tanto quanto você, e seus novos atalhos no teclado e funcionamento da bandeirinha do windows. E resolvi seguir conselhos, palavras amigas, me calei e escutei, pensei e ponderei tantas vezes... quanto você, que curtiu aquele desabafo tolo nos Feeds de alguém igual a você. Somos exatamente iguais, mas separados por nossos viveres.