terça-feira, 15 de dezembro de 2009

UMA VELA PARA CLAREAR A IDEIA

Uma vela para clarear a ideia e uma pessoa para clareado pela vela faz falta em noites assim, dessas que quase não tem fim. Quase ao nosso lado refresca uma garrafa de vinho, aberta e já pela metade. As taças suadas. Mais um gole. Outro sorriso, um comentário baixinho, a voz sussura. Um toque. Suave. Os olhares brilham mais com a fraca chama; a vela faz sombras, sequer parece nossa, e percebemos face dissimulada nelas.

Lembranças. Elas aparecem. Situações dessas trazem lembranças. Todas. O silêncio lá fora também lembra. Hora esta de rever amigos distantes, saudades guardadas, mágoas escondidas embaixo do coração. E o canto em que me encosto encosta outro ombro tanto igual ao meu, que também lembra. Estes cantos guardam lembranças que o vinho molha.

Esvazio a taça, ainda suada. Olho a vela sem prestar atenção no que o outro me fala. Penso se a vela ilumina um pedaço da minha vida ou se minha vida espera que ela se apague o mais breve possível. Tem o que ser escondido, mas não são segredos não. Essa luz mostra o que todas as outras escondem. Mostra nosso cara mais limpa. Mostra uma alma tão suada quanto essas taças.

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