quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DESCANSO EM DEZEMBRO

Se nem tão cheia carrego minha sacola de mão, saiba o quanto ela me pesa mesmo assim. Já nesse tempo, a espera do último inverno, os sonhos dentro são quase como uma pétala no espaço. E necessito sentar para recuperar o fôlego, o mesmo fôlego que tanto deixei de aproveitar sem me dar conta da pressa do tempo. E ponho, talvez pela última vez, uns poucos sonhos - e nem tão essenciais assim - no chão.

Quem poderia querer me levar esses sonhos tão leves em peso? É seguro que eles ninguém me quer tirar. E os sinto um pouco com menos valor dito isso. Em minha frente, olho outras tantas sacolas. Quanto será que elas pesam nas mãos que as carregam? Será que tem o peso que a minha outrora tivera? Será que tem o peso que descarreguei para me aliviar? Será que, mesmo mais cheias, estão mais leves do que esta que me quase caleja?

Ninguém pára para falar do peso de sua sacola comigo. Ninguém quer contabilizar seus ítens de sonhos, e aposto que escondem aqueles que já arremessaram fora para se aliviar e andar menos encurvados. Sempre calejei a mão de sonhos, sempre os levei comigo. Sempre os quis. E me pesaram muito, me fadigaram, e hoje me fazem sentar nesse banco. Talvez seja por isso que não me importo de tirá-los do coração e pô-los no chão por um pouquinho de tempo.

PS: Imagem retirada na Internet. Não havia créditos.

2 comentários:

Alex Wildner disse...

É amigo, como saber o que é e o que não é, nosso próprio sonho? O que é meu, o que é seu, o que é de outros, o que é dos outros, o que é inconsciente alheio à nossos sonhos e o quanto de nossos sonhos é também de outros, de tão comuns que são? Para agravar, ainda me pergunto, o quanto de meus sonhos comprei, dos outros, por preço tão amargo?

Alex Wildner disse...

Esqueci de dizer, seu texto é ótimo, idéia, construção, delicadeza. Meu humilde e talvez pouco significante achar diz: é por aí o caminho...