quarta-feira, 30 de setembro de 2009

NO FIM A GENTE VOLTA

Pássaro que volta ao fim do dia para o lugar que saiu, me ensina também a encontrar o caminho quando tudo escuro ficar. Porque do meu caminho me vou errando, sigo, páro, já até voltei antes de ir mais para frente. E sempre fez falta saber para onde voltar, já que sei um dia será inverno e as folhas não estarão nas árvores para eu sequer me alimentar. E sinto frio quando penso nisso, mesmo que leve tempo ainda, mesmo que não leve tempo, mas que o próprio tempo me leve... Tenho poucas penas, pássaro, e quero-as para me aquecer.

Voando, me sinto alto e alto mais eu vou seguir e sei não ter como esquecer minha árvore. Ela fica ali, nem eu acredito. Porque elas [as árvores] são firmes, fortes, delicadas, incondicionais, e mesmo eu alto elas me fazem ver que sai do chão e isso eu não quero. Mas não querer significa ter que aceitar porque, pássado, eu também um dia fui semente e lembro que me abri de uma vez, assim, para fazer igual com a outra semente que de mim germinar. Mas não entendo porque sou pássaro sem penas, sem asas e sou árvore sem sementes. Ainda.

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