segunda-feira, 12 de outubro de 2009

PINGOS DE SAUDADE

Eis que um 3º faz do velho feliz pelo que o moço conseguiu com a visão do mais novo, de baixo, por detrás, por quase entre a porta, de jeito que só criança sabe que existe aquele lugar para olhar. Uma visão assim, escura, detrás de paco concreto, em altura de olhar menino que em cintura de adulto chega. E que visão limpa das coisas que se tem, são pingos que caem, são saudades que molham o chão. São Pingos de Saudade.

Eis que tal momento, "decisivo" para Bresson, existiu mesmo. Eis que vi se repetir várias e várias e diversas e diversas vezes. Eis que comigo, passado menino e quase moço, também pingos de saudade cheguei a jorrar por aquela mesma caixa azul de fios pratas e curtos, que nem ao chão nos deixa sentar quando bambeavam as pernas. E diversas vezes ele se esticou para me deixar a quase isso. Eis porque eu conheço a representação da foto acima mais do que um instante decisivo pôde conhecer. Eis porque está gravado em carne o que, agora, se verá por olhos.

Eis que assim, mesmo passado anos, volto a olhar o lugar acima e pouco iluminado com a luz de uma saudade gostosa. Carinhos por ali tratei, recebi e cobrei e quantas vezes deixei de dar e quanto isso me deixa doido agora. Em dias assim, com pingos, era balançando o guarda-chuvas que eu deixava escorregar toda saudade para um rio de amor que nutri e cresceu e existe até hoje. E esse rio caminha para um mar, sempre se banhando de novas coisas aos momentos. O mar eu sei que é de Deus, mas não sei por quanto tempo ele vai se manter sem transbordar pelos tantos pingos que derramei e que ainda não desaguaram.

2 comentários:

Renato Menezes disse...

Tão bom o texto quanto a foto.
Parabéns Velho. Sua vitória me faz sentir orgulho de ter você para compartilhar loucuras e filosofar sem barreiras.

Alessandra Possebon disse...

eis a foto!