
Como se pode desejar compreender o outro? Mesmo assim, ela, com sua mão sobre o peito, representa como quem ora e pede e crê. Seus olhos ausentes nos amplifica nossa reconstrução: estará encharcado de lágrimas enquanto o pede.
Sim, também imagino que respira ofegantemente, como quem por ver, a si mesma se sente agredida. Que voz vigilante intercede por nós, o homem inferior! Gesticula em estática uma breve oração, um pedido, uma intervenção que nos rende graças. Mas, vendo o homem sentado diante da cena em purificação, me penso que talvez, e ai sim eu compreenda melhor a humanidade, penso que talvez o homem sequer esteja pensando em graça: busca apenas uma coisa bem gostosa para por na boca e saborear pelo tempo que lhe for permitido.
Um comentário:
Velho, impecável, sensível, como sempre.
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