Quando perdia meus balões, eu os via subindo e indo mais e mais alto. As coisas se iam. Quando os guardava, ia dormir com eles no teto, flutuando, e acordava com eles no chão. As coisas murcham e caem. Estourava pipoca e esperava esfriar. As mordia e não eram mais crocantes. Tem que ser agora. Andava todo dia de bicicleta e o pneu demorava para esvaziar; a deixasse parada e ele logo logo estava precisando ser enchido novamente.
As coisas demasiadamente quentes precisam ser esfriadas. Queimei muito a lingua. E ainda a queimo com capuccinno. Roupas de frio foram feitas para, de tarde, serem carregadas na mão porque a temperatura sobe sempre que o sol sobe, e ela desce, sempre que o sol desce. Dessa forma, também, percebi que o volume da TV aumenta sozinho conforme aumenta o silêncio e que eu preciso abaixar senão minha mãe vinha com aquela cara de sono.
Sempre que ia viajar com meus pais, meus amigos ficavam e eu perdia as melhores brincadeiras e não tinha essas estórias para compartilhar com eles. Perdia uma partida de futebol eu não tinha gols para dizer que eram meus. Faltava e sempre se construiam as mais engraçadas aventuras, e eu fico hoje com saudade da escola. Descuidei da Laika, minha cadela, que fugiu, e me roubou uma semana todinha de vida. Apareceu magra, suja, tadinha, e tinha muitas estórias que nunca me contou. Foi assim que aprendi a contar o tempo.
2 comentários:
Impecável, como sempre.
é, menino... tens aprendido na Lida sobre como apartar os segundos... Me lembro bem como foi o que agora o é contigo... De seu velho.
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