domingo, 16 de agosto de 2009

MEU SANNSET BOULEVARD POR CARTA

Caro amigo universitário, como vai?

Vejo que hoje me vi em seu lugar, e em seu lugar já estivemos eu e mamãe. Nos abraçavamos por igual, mesmo motivo, mesmo riso sem graça, mesma certeza do filho estar saindo mundo afora e da mãe se voltando para nossa casa tão querida. O chinelo de dedo para dar conforto na viagem - e perceba minha identificação: mesma distância! - e a vontade de que fosse dia e não existissem noites para que o filho pudesse por ai sair.

Às vezes secava garganta. Às vezes hidratava os olhos. Às vezes havia pressa. Às vezes não havia nada. Às vezes era só mais uma certeza de que daqui poucos dias tudo se repetiria. Mas confesso que nenhum deles me pareceu igual. E vendo vocês hoje, como se fosse eu e ela, tudo me fica mais longe ainda, e perto, perto tanto como dentro do peito. E de dentro não me sai, por isso vocês me mandaram tão longe no tempo e no espaço, sentindo àquele meu momento outra vez.

Quanto foi, 10, 15 segundos? Não... menos. Foi rápido o abraço. Senti o calor, acho. Me pareceu então. Mas quando lhe digo e você me diz que assim você pára para pensar que talvez depois você sinta saudades, eu sei que é verdade. E sei que vai ser assim. O abraço você também um dia vai ver outro igual e vai sentir o mesmo que eu. A saudade não vai, a não ser acompanhar você.

Por tanto, caro amigo, sintirá-se rico. Tanto te enriquece que nem percebe. Tanto tens que não carrega contigo. Espere. Se assim como a eu e ela, certo dia, talvez quem sabe, quererás que não mais o tenhas contigo porque pesa. E pesa tanto que te cola no chão, te paralisa e você vai ver em outro, um dia, em algum lugar, um abraço que nem parece: carrega luzes que lhe ativam a mente e te sente não poder tocá-las.

3 comentários:

Felipe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe disse...

Caro amigo San, que belas palavras, que incríveis sensações causa isso que chamam "saudade" e que sensações causam as palavras - as suas - com o que escreve e que chama "saudade". E conforme vai sentindo - escrevendo - tudo vai parecendo tão real...

Anônimo disse...

Oi Santiago, tenho pedidos a te fazer, e também propostas bem simples que vão te deixar melhor, ou mais dentro de algum padrão, correto ou in.
Adorei sua descrição dos seus "eus", o menino, o moço e o velho.
Ajude o blogueiro meia boca aqui.
Abraços

Alex W.