quinta-feira, 24 de março de 2011

Saudade do abraço teu



Pouco meus pés pisavam o chão. Era colo pra cá, colo pra lá, sempre um nó nos braços envolvendo o pescoço de alguém. Saudade daquele abraço que era seu. Saudade do meu próprio abraço, que deixou de ser só meu. Hoje eu não tiro mais os pés do chão, meus braços pouco servem para um nó mal dado. Abraçar por amor é diferente, não dá nó nos braços, prende mais é o coração. E que falta eu sinto em ter meus pés levantados, minha camiseta puxada pra cima, aquele apertão em volta de todo meu corpo. Hoje os braços estão menores, mas sei que é meu peito maior. Então tenho que abraçar envolvente assim é com o coração. Mas aqui, baixinho? Seu calor por algum tempo me protegendo, seu aperto me envolvendo, seus pés levando os meus a caminhar por ai, seguindo apenas sua trilha e confiante de estar indo para algum lugar seguro. É abraço de mãe, de pai, de tia e de tio, de amigos, vizinhos queridos que hoje são como ensaios de aquarela em minha mente. Mas saiba, sempre que fecho meus olhos e lembro de vocês meu pés voltam a sair do chão.

5 comentários:

Unknown disse...

Haverá o Deus infinitamente maior que nós, que possa levar no colo esse tamanho "grande" em que nos descabemos?

Lu Vaz disse...

nao sei se comento o seu post (maravilhoooso, senti meus pésa sairem do chão) ou se o comentário acima, da Roberta. "sim, haverá" - é a minha resposta - mas este descabimento precisa mesmo de muitos abraços humanos, que creio eu sejam forma de Deus nos abraçar tb.

Shuzy disse...

Se fosse pra escolher uma frase: a última. Teu post trouxe uma nostalgia que afoga meu coração. Mas é uma nostalgia boa...

Meu nome começa com "S", "S" de "Saudade"

Carmen, disse...

Belo!

Renato Menezes disse...

É a saudade que não passa com tempo.
É muito bom ler você meu amigo. Estava distante da leitura, mais concentrado na escrita. Sinto-me em voltar próximo a ti.
Tenho também essa saudade apertada no peito. Do abraço que se foi nunca mais volta.
Abraço de lágrimas tristes. Do gosto, do cheiro, do mundo que já acabou.
Belo texto.