domingo, 3 de abril de 2011

Nesses 30



Daqui, de cima do meu 30º andar da vida, noto um vai e vem constante dos meus pensamentos e sentimentos. E rio, de orelha a orelha, pois vejo o quanto eles estão desalinhados comigo. Me sinto cada vez mais criança e no entanto estou cada vez mais velho. E moço que sou vejo essa falta de sintonia toda e rio, novamente, de toda essa situação. É que, moço, não me acostumei com coisas cotidianas e simples, que já deveria encarar com naturalidade, com um pouco daquilo que ousamos chamar de maturidade. Ainda arrepio quando, por exemplo, da firmeza com que as pessoas dão suas opiniões. E rio por dentro, reforçando minha total vontade de dizer "que se lixe isso tudo". Talvez já tenha, desde menino, ultrapassado essa necessidade absurda de mostrar alguma coisa a alguém. Eu, desde que me lembro, só quero ter meu tempo, andar no meu ritmo, parar quando quero. Claro que compartilho alguns passos, e até gosto. Mas não gosto que meus passos sejam partilhados entre aqueles que pouco se dão para mim. E é então que eu páro, e rio. Rio sempre, desde sempre. Rio agora e, sorrindo, compartilho com os amigos, que aqui param para um café, um pedaço da metade do meu 30º bolo. Metade porque a outra metade já havia sido comida (na noite anterior ao aniversário propriamente dito) por dois maravilhosos sobrinhos que amo tanto. E sabe que mais? Sobraria mais bolo em meu coração para todos se eles o tivessem devorado todo, pois ai eu só teria meu peito para guardar os pedaços que aqui lhes ofereço.

3 comentários:

Pipa disse...

Hum, esse bolo aí foi mesmo especial, meu velho. Que venham muitos outros pela frente, para comemorar cada tantinho mais de sabedoria que o tempo vai trazendo pra gente.
Estava lendo um livro aqui, e acho que essa frase que eu gostei você tb vai gostar, fica como um presente, depois me diz se eu acertei :)

Do what thy manhood bids thee to,
From none but self expect applause:
He noblest lives and noblest dies
who makes and keeps his self-made laws.

Faça o que a humanidade lhe mandar,
Não espere aplauso de ninguém, só de si:
a vida e a morte mais nobres
têm aqueles que fazem e seguem as próprias regras.

Richard Francis Burton (extraído do livro O colecionador de mundos, de Ilija Trojanow)

um beijo,

Pipa

Renato Menezes disse...

Um bolo para nós, meu amigo, nesses 30 que tanto pesam ou ensinam, ou aprendem. Confudem.

Fernão Gomes disse...

Olá, companheiro distante. Passo rapidinho em sua casa para experimentar ao menos a cereja que restou: ainda assim uma boa narrativa de todo o bolo. Meus parabéns pelo texto e pelos trinta balzaquianos.
Até.

Fernão Gomes