quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O sucesso



Parado ali, na ponta do sofá de 3 lugares, ele segura, calado, seu violão. Olha para as cordas novas, o brilho, a textura, a maciez e pensa no sucesso que nunca veio. Pra fora da sacada do seu apartamento, o mundo não existe mais. É um lugar inócuo, neutro, estéril, diria. Não há pessoas, as rádios não transmitem mais músicas e as emissoras de TV não transmitem mais nada. Em seu mundo fechado, o quase artísta limita-se a enxergar a sí. Não vê nada que seja externo a este ato narcisista. Não é escolha, mas lamentação. Cego por tudo que não pôde conquistar, o universo agora preenche com imagens apenas as notas tocadas em seu violão. Eis que, então, reverberam todas as estrelas, e gritam por biz as explosões solares, de todos os sóis ainda desconhecidos. O sucesso vem enfim.

Um comentário:

Fernão Gomes disse...

Bonito texto, meu irmão. Muito delicado quanto ao movimento das emoções. Bem o seu estilo johnfanteano.
Abraços.

Fernão Gomes