segunda-feira, 14 de maio de 2012

A palavramundo não se faz

Quando criança fiquei a olhar para os lados. Olhei para cima, para baixo e todas as diagonais elementares e cores corridas de um prisma. Olhei o mundo antes de olhar por uma janela que me mostrou o mundo. Hoje as janelas são menores e mais coloridas, nos encantam e nos levam para onde elas se abrem. O que percebo foi que minha janela, talvez porque simples, me ensinou que era mais vibrante olhar, antes, o mundo que se abria diante dos meus olhos. O tempo lento de descobrir a palavramundo curvou-se ao tempo eletrizante do liga e desliga das novas e superápidas janelas eletrônicas. Antes, acordava e ouvia o som por detrás da minha janela que, lentamente, rombia seu segredo com a chave correspondente. Se fosse hoje, meninosantiago já levantaria com o som na cabeça, assim como o moço o faz. E não gostamos disso. Mas entendemos o processo. E damos graças a Ele que somos do tempo lento da palavramundo. Pena sente o velho, que lamenta não poder ver essa geração inerte se desfazer na sua ilusão tecnológica.

Img do moçosantiago.

2 comentários:

H. Machado disse...

Pena não, sorte. Sorte do velho, e pena de nós...pena de nós.

Fernão Gomes disse...

Olá, amigo distante. Só agora pude responder. Primeiro, obrigado pela extensa reflexão. Para mim é uma honra, como sempre. Mas seu novo e belo texto, da "palavramundo" e dos olhares, conecta-se com a nova postagem que fiz. Dê uma olhada e tente negar que entre nós há uma conexão além de nossa compreensão.

Até mais ver.
FG