quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Último encontro

Ela não pôde ver meu rosto pelo outro lado da linha. Ouvi seu desabafo, sentimentos há tempos guardados rancorosamente. Como consegue? Sempre disse pra não fazer assim. Mas daquela vez entendi que era séria a coisa, o tom de voz, a ligação curta, os motivos inexplicáveis. Era um fim de dois, tentativas fracassadas de um homem e de uma mulher. Tentativas. Eu não tentei. Vivi e quis viver mais, pra sempre, como dizem as poesias. Mas elas não estavam do meu lado. Essa história de que só há amor se houver dor/não sei se concordo. A dor aumentava enquando sentimentos que não expressos em alegria eram, um a um, empilhados em um coração de carne. E isso era amor? Creio que não. Era, talvez, amor ETERNO. Como posso saber? Criança, ali enquanto ouvia aquele último desabafo, compreendi que se guarda do outro aquilo que é importante, aquilo que significa compartilhar. E uma pessoa que compartilha toda uma profusão de sentimentos sem nexos pretende sentir um pouco mais do que amor. Se a poesia estiver minimamente correta, quanto maior a dor, maior (será) o amor (mas que doeu doeu...).

Um comentário:

Pipa. A Pipa dos Ventos. disse...

"Sonhando viver entrelaçados, copo de vinho na mão, num blues carregado.

Guarde esta canção como o último desejo, do fundo do coração."

http://www.youtube.com/watch?v=bljvIsB3CxQ&feature=related

Falta-me ar.

Santiago,

No céu as estrelas parecem cicatrizes fosforescentes.
Doem só de olhar.