quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Riscos do caminho


Caminhante, não há caminho. E os caminhos, quando feitos, são de pedra, José. E então é fácil perceber que não há amigos príncipes, com espinhos, flores ou vinho tinto. Mas havia uma música, me lembro, de quando estava à toa na vida. Sem ninguém me chamar, nem ao menos o samba voz do morro, sim senhor, ela tocava. Calma, fazia mirar um exemplo de vida, de mulheres distantes que não se entregavam ao tempo. Tempo e caminho. Levando, velho que sou, bem cedo. A criança também se levante cedo. Antes de passar pela mocidade, pensava que isso poderia ser coencidência. Talvez seja. Mas percebi nessa mocidade que os riscos existem e não tocam música. Percebo que convém encará-los, aqueles que eu escolher, dançando a música deles. Paradoxo não, metáfora. Encaro os riscos que encararem minha realidade. Daqui, com tão pouco tempo da vida rápida que passa, me parece haver muito para se ter tempo suficiente para se viver. E fica a falta de memórias menos abstratas, sentimentos mais confusos e caminhos com mais riscos. Olhando agora, de longe no tempo/espaço da vida que levei, percebo.

4 comentários:

lídia martins disse...

"Adoraria representar com um instante de luz um tema sugerido por você. Topa? Que seu tema seja meu olhar fotográfico e que minha foto seja uma postagem sua dedicado a esse simples velho. Que tal? Se topar, por favor, me dê alguns indícios do que SENTES que tentarei reproduzir em imagem esse momento tão efêmero..."

Santiago, isto não é simples como parece. Mas certo é que pensarei em algo,já que estou sendo convidada a participar deste espetáculo de luz e sensibilidade que promovem teus olhos. Espera-me. Não me demoro.


Santiago, querido, e por falar em riscos...


Quando vamos aprender que o passo é o caminho?


Te abraço com carinho.

Fernão Gomes disse...

Santiago, meu velho. Outro texto de sua produção que aprecio deveras. Especialmente pelas referências intertextuais de Drummond (José), de Zé Ketti (A voz do morro), de Chico Buarque (A Banda) e (estou certo?) Fernando Pessoa. Quando você diz "amigos príncipes", lembra-me "Ó príncipes, meus irmãos", passagem de "Poema em linha reta", do próprio Pessoa. Aliás, estou postando uma experiência com ele e seus heterônimos atuando como personagens. É a segunda vez que faço isso. Veja lá. O texto tem o nome do próprio blog por razões literárias.
Abraços distantes ao novo mestre.

Fernão Gomes

Alex Wildner disse...

Eu olho la fora, minha janela se fecha contra um deserto de areia, contra um deserto de gente, varios corpos andando sempre pelos mesmos caminhos, sim, parece que os rastros nao somem nas areias do deserto onde vivo, e eles seguem uns aos outros...
Olho la fora, minha janela se fecha contra o deserto que se abre e se estende ate minha vista nao entender mais nada, pois as pessoas levam o vazio ainda mais longe, levam um pouco dele para fora do deserto, e como ele se alastra...
Olho la fora, minha janela se fecha contra algo que me ignora, mas que me ignora nao por me refutar, mas porque nao me enxerga...
Olho la fora, minha janela se fecha contra um incontavel nada, e o que vejo la fora sou eu, um vazio imenso, um eu de areia, esse vazio que sei que nao vem do deserto, vem de mim...
Olho lá fora, minha janela se fecha contra tudo, mas a areia seca, tao esgotada, entra pelas frestas de todos os cantos...

Alex Wildner disse...

Acho que vou colocar esse comentario que te escrevi no meu blog, momentos como esse merecem um espacinho...
vou corrigir e publicar, escrevi na correria e nem coloquei acento, o teclado aqui me cansa... abracos
e
abracos