segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desafio de luz



A fotógrafa e o artista travam uma batalha. Conseguirá ela, ao final dos seus modernos e quase infindáveis cliques digitais, conseguir captar aquela luz, tão exata como a de milhares de anos atrás, que o artista pensa em emanar? Pois sim, se o artista chega à alguém, o faz pela luz. E, se tal artista assim desejar, até posar é previsível. Porém, o previsível é produto barato, de nada tem valor, quer ela, aquela que quer aprisionar raios de luz, justo o oposto, aquilo que não se tem simples assim. Procura sempre o diferente do igual, sendo que este, diferentemente se si próprio, se forma justamente a partir do seu contrário. Da próxima vez, eles combinaram: ele, o artista, será previsivelmente imprevisível; ela, a captadora de luz, será rápida mais quase que a própria luz, será um segundo dividido por centésimos mais depressa. Com essa esperteza toda, espera ela prender, eternizar. Mas, para o público, eternizado fica o que não é por objetiva dela captado. Eternizado fica somente aquilo que pelo coração é guardado, que pelos olhos são turvados pelas lágrimas e que pelos ouvidos são transformados em imagens. O público lembrará é do cheiro, do som que orienta e distrai, da imagem quase apagada que é obrigado a completar com seu repertório de carinho e encantamento, se houver.

Um comentário:

OutrosEncantos disse...

encantador, este instante!
abraço, Velho Sntiago.