terça-feira, 3 de maio de 2011

Das coisas que faço quando estou em casa



Levanto e ando 10 passos, distância do sofá até minha cozinha. O armário sobre a pia guarda um pequeno pote de capuccinno; ao seu lado, um saco de café solúvel granulado. Me viro, abro a geladeira, e confiro se há leite. Não há, há tempo não compro. Pego, então, a caneca e encho de água. Passo-a para uma caneca de metal que vai ao fogão. Não gosto de microondas. Esquento, sem deixar ferver. Três colheres de pó de capuccinno na caneca, despejo, lentamente, a água, enquanto mexo-a com a outra mão para dissolvê-lo. Terminado, ficou espumoso. É desses prontos, que já colocam espuma misturado ao pó. Aperto o pregador de roupas que lacra o saco de café solúvel granulado e solto-o da embalagem. Ele mantém o café granulado fresquinho, livre da ação do ar. Meio que polvilho sobre o capuccinno. Ele não afunda. Faço um balanço assim, com a caneca, para que uma movimentação circular do líquido aconteça dentro da caneca. O granulado em pó, então, se desfaz, mas continua heterogêneo. É aqui que conversamos. O granulado forma formas sobre a espuma. Eu formo meus pensamentos e os dissolvos na boca a cada pequeno trago.

2 comentários:

Fernão Gomes disse...

Bonito texto. Dotado de uma poesia cotidiana própria da crônica. A conjunção dos pensamentos com o capuccino me fez lembrar do conto O Peru de Natal, do Mário de Andrade, quando os familiares, na ceia de natal, devoram o peru e a memória do falecido pai. Parabéns, meu velho.

Abraços.
FG

Renato Menezes disse...

São esses pequenos hábitos que nos formam em essência.