terça-feira, 19 de outubro de 2010

Terça-feira, 19



Tomo meu café como quem acende um cigarro. Na cabeça, movimentando-se com os dedos, os pensamentos mais clichês para o dia seguinte. Antes, chego em casa. Tomo meu banho, pego meu beber e comer. Ensaio deitar, cumpro com responsabilidades para o dia seguinte. Amanha, quarta, quero voltar pra casa, trocar de roupa, caminhar. Na volta, pão quente da padaria. Banho. Mais TV, pra sair da normalidade absurda de todo dia. Nada de jornal, pra não ver absurdidades; pensá-las já deixei há certo tempo. De noite, fizer noite como de hoje, contarei as estrelas. Tentarei. E me sentirei, novamente, sozinho. Saudade do princepizinho, e dos campos de trigo, não porque lembrarão seus cabelinhos loiros, mas porque lembrarei da minha cidade natal, toda cercada de trigo no inverno. O vento e o barulho dos caxinhos secos do trigo, já no final para colheita. Então eu entro. Fecho os olhos, mas as estrelas continuarão lá, sabe porquê? Por que elas não estão no céu. Elas tão no coração que, uma vez aberto, empresta seu espaço para guardá-las. E o meu é dum tamanho que ainda não deu pra contar.

4 comentários:

Shuzy disse...

Que gostoso esse post..! Dá pra viajar e sentir nessas palavras...

lídia martins disse...

Sabe velho,




Chega de achar que esta nuvem é um jacaré. Tenho poderosas razões para achar que é um camelo contundido. Desses que esperam.


Seu coração é tão grande velho.

Diga-me, o senhor pensa algum dia voltar para buscar-me?


Fale bem alto.
Porque:

a)me cegaram

b) me emudeceram

c) e agora me ensurdaram.



Te empresto meu cortador de gelo, preciso aprender como usá-lo.



Te abraço com a saudade dos que sentem.

Denise disse...

Bom saber-te "estrelado".

afagos iluminados

Mariana Lopes disse...

Desses domingos de dor de cabeça é que me salvam os textos, seus textos, infinitos outros mais. Não só por isso, mas procuro ler mais nessa situação; e é aí que me dou conta do lindo domingo que passei.
beijos/