segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vida a dois



Vida a dois não deveria ser como comer chocolate: tudo de uma vez. Vida a dois deveria ser como fazer café: lentamente se esquenta a água. Depois, sem ferver, acrescenta o pó e já o coa, em papel para não impregnar com o gosto do coador mal lavado. Se enche a garrafa, a fecha. E o toma pouco a pouco, por todos os anos de vida (o que não significa não ter conhecido todos os sabores de café). Viver a dois não deveria se como um filme da Disney: injusto no começo, triste no meio e feliz no final. Viver a dois deveria ser como uma tela de Manet, que o tempo demorado a ser pintado, ali aprisionado, fosse impressionista, fosse eterno, mesmo que de um curto momento de luz, mas para sempre. O que quero dizer - ahh... sei que não consigo, mas tento de novo - é que viver a dois seja algo como esquecer dos beijos e abraços, dos carinhos matinais e tão necessários ao fortalecimento do amor. Viver a dois é levar o outro aonde a gente iria, e a não deixar seus pés sobre terrenos que jamais pisaríamos. Para isso, é preciso falar ao outro como se quer falar a si. É preciso ternura. Ainda não aprendi a andar com ventos de palavras que me fazem perder a direção. Tudo o resto, é intrinseco. E o resto, beijos e abraços, os carinhos matinais e tão necessários ao fortalecimento do amor vêm juntos.

7 comentários:

lídia martins disse...

As horas com você passam mais rápido.


Em meio as confusões desse tempo caótico, sensível e infinito, sequer pudemos eu e você chorar pelo que perdemos.

Onde está o menino agora?

Estaria ele de mãos dadas junto com outra garota? Ou seria bem mais velho e teria realizado aquele sonho de ser tocador de bonde quando crescesse?


Talvez tenha virado um galã de sessão da tarde e nem se lembre mais de mim.


Eu tinha mãos de artesão com estampa floral. Hoje são de tesoura numa versão sem corte.


É melhor deixar pra lá.



Te abraço com saudade

Quem escreve disse...

Ahhh, Pipa! O menino sempre pensou em uma menina apenas: antes de conhecê-la, era um sonho, mas era a mesma; depois de conhecê-la, é a realidade em sua vida. Ela já ouviu ele falar isso. Não sei se acreditou. Mas mais pra frente, disse o velho em um conto de fadas, ela vai entender e verterá uma lágrima apenas. Será a sua última. Todas as outras lágrimas serão dos que sentirão saudade dos dois.

Shuzy disse...

Sábios conselhos...

Denise disse...

Quisera eu,que vida a dois não fosse saudades depois.
Mesmo que nunca a tivesse vivido em plenitude,a não ser nos sonhos iludidos.

(grande suspiro de uma romantica incorrigivel)

afagos

Adriana ♣* disse...

Viver a dois é levar o outro aonde a gente iria...

Amanda Teixeira disse...

palavras exatas !

OutrosEncantos disse...

ah, menino/velho-Santiago/moço :)

deixa eu fazer meu teu desabafo.
tens um jeito tão especial de dizer as coisas. este texto..., como uma página do diário da alma.
... como fazer café..., lentamente é claro, senão perde-se o saboreio e sempre na companhia das coisas mais simples, poucos percebem que são as que nos fazem mais felizes.

tenha um feliz dia Velho Santiago.