domingo, 24 de junho de 2012

Sobre os dias de tristeza

Esses dias tem se alastrado por semanas. Passam e voltam, numa dança elíptica ao entorno do seu próprio balançar. No centro, sentimentos que não consigo entregar um nome. E me pego encolhido, olhos mareados e sentindo frio. Há algo de errado nesse inverno, chegou escuro e chuvoso, trazendo sensações até então facilmente dissimuladas. Agora se tem uma cabeça vaga e os olhos constantemente não. Eu próprio procuro um sentido para esta estação. E só compreendo que não é apenas mais uma. As coisas têm mudado. Mais claro do que nunca, percebo que eu também tenho mudado. Ainda me pego redefinindo meus valores. Recriando alguns sabores e lançando um paladar adiante na esperança de um sabor de vida. Dissabores me trouxeram vários. Esses, que trazem aquilo que bem querem! Estou tentando evitar esses últimos. Novas orações sobre um velho tema. Novos papos com aquilo que acredito e tanto silêncio como resposta. A resposta é a vida. Mostra banal: aquelas tantas coisas que no cotidiano me lastimavam e tiravam a força perderam sua importância. Como foram pequenos tantos problemas! E não são demônios pessoais que atormentam esse moço não. São instantes que exigem decisões ponderadas. O carma não é viver sobre a pressão de ações que condenamos, mas viver sobre decisões que foram preciso tomar. Mais exatamente nas suas consequências. Tais decisões não baseiam-se no sim ou não, no certo ou errado. Mas na mudança pessoal. E eu nisso tudo? 

E o velho ri. Pois tal qual o tempo também sabe do desenrolar dessas besteiras. 

Em tempos assim que testamos nossos valores. Que colocamos a prova nossas crenças e que nos arrependemos por decisões, tomadas ou não, no passado. Sobre os dias de tristeza, tenho certeza, se fundamenta um futuro de alegria. É incerto no momento presente, mas me parece que deve ser assim. Em tempos assim telefonamos para alguns amigos e perguntamos sobre antigas memórias deles. Revivemos sentimentos nos outros, os forçamos a lembrar talvez daquilo que eles já se afastaram há tempos. Aproximamos pessoas queridas daqueles estados da alma deles que foram esquecidos. Ou que permanentemente foram e são colocados de lado. Não gosto. Mas preciso. Faria o mesmo por eles. Humildemente peço que entreguem suas consciências a um preço que beira o gratuito. Se não o for. Daquilo que lhes causava frio ao que me causa frio. Rememorar algumas lembranças faz bem entretanto. Nesse período ainda não tirei um nada de lição. A lição será a consequência desse período. Portanto, conversar com o velho pouco trará lições. O máximo que se pode fazer é passar aquele velho café, já não tão saboroso como antigamente. E mocar esses dias de tristeza. 

4 comentários:

poeira estelar disse...

exatamente assim.
realmente tem algo estranho nesse inv(f)erno.

Juliana Santos disse...

Olá, obrigada pela visita no meu blog, tive tempos mais poéticos, ando tentando me livrar da ferrugem e voltar a escrever...( e com certeza gosto muito de teatro magico e cordel e mais ainda de Drummond )

Gostei do seu texto envolto de sentimento profundos mesmo banhados por tristeza tem sua beleza, e achei muito interessante essa sua mistura de um velho e um moço.
bj

Wanderly Frota disse...

Em momentos como estes, lembranças de todas as espécies chegam até nós, até mesmo sem querer. Das tristezas podemos alçar vôos pra ir direto pra felicidade. Abstrair os degraus que ainda podem ser aproveitados e ir. Jogando toda a dor prum lado. Trilhando caminhos novos. Na vida toda temos lições. Umas pra serem seguidas. Outras, amassadas e lançadas longe!

Beijo doce!

Alex Wildner disse...

Eu nao resolvo problema de ninguem, eu crio outros maiores...
abraco pra vc queridao...