quarta-feira, 19 de outubro de 2011

De onde vem não sei



Cabelos agitados ao acaso. Negros, mas parecem iluminar.
Seus ouvidos, autivos, prospectam antes.
Olhos, dois olhos negros. Se fecham: aprenderam a ver.
Para o que, não faz diferença. Não são jaboticabas.
Frescor sente. Perfume para o amanhecer. 
Na lingua: sopa de músculos.

Pescoço cilíndrico, quase seu pulso.
Ombros duros. Pele e osso revestem.
Braços sem caldo, punhos cerrados, mãos delicadas, não se sente. 

Não traz em seu seio alimento algum. O que traz não alimenta. 

Na cintura, cordões sustenta. Calça frouxa, leve. Mais barata.
Joga assim, caudalosa. Mas de onde vem eu não sei.
Joelhos semiflexionados. Querem saltar os ladrinhos ímpares.
Pés como que feridos, cambaleiam sua anca farta.

E por dentro... bem, por dentro é só um coração. Resto oco. 

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