Me lembro que, moço, eu desejei uma passagem breve, rápida, sem mais surpresas. Era um tempo confuso, mas sem dor alguma. Era um tempo acima de tudo de descobertas, o que viria a perceber somente com o tempo. Acho que foi quando meu mar se amansou, o tempo acalmou, e eu pude olhar um horizonte até bonito. Incerto, claro, como todo "mar a dentro" pode ser. Era minha hora de partir. Hoje, já velho, agradeço à partida, que me tomou como pelas mãos a conduzir para um lugar seguro. O fato é que é preciso saldar: Iemanjá, três pulinhos das ondas, sementes de romã na carteira, como queira. Eu atiro aqui de dentro um pouco da minha saudade, tem doido demais. A sirvo à deusa do mar. É hoje meu mais profundo sentimento, é o que eu mais honestamente tenho a oferecer, é uma das poucas coisas que pra mim ainda tem valor verdadeiro. E tenho certeza que ela saberá usar isso quando for a hora boa. Vamos virar!
Imagem de LUNAÉ PARRACHO - 2.2.10
4 comentários:
... que assim seja VelhoSantiago!
Feliz viragem
Abraço.
Que belo...
Velho você como sempre certeiro!
Este teve um impacto diferente. Entreguemos um tanto das esperanças Velho, a quem sabe o que é melhor pra nós, mais do que nós mesmos sabemos...
Grande abraço, vamos virar!
É, Santiago, amigo, ando numa montanha russa, mas agora, nesse minuto, estou na parte baixa, e pra distrair, andei lendo um blog de um amigo, e agora o seu... Tudo tao forte...
Em qual parte de nossa viagem estamos agora?
Olá, meu velho. Tudo bem por aí? Espero que sim. Esse texto é especial: além do conteúdo transcendente e nostálgico (atributos que aprecio), ele também será título daquele texto que escrevi. Escolhi sua sugestão pelas razões que você mesmo apresentou e pela força poética que tem. Valeu, irmão. Mantenha conexão, sempre.
Abraços distantes.
Fernão Gomes
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