segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Prazer em conhecê-lo



Há uma estranha aproximação em todos os finais de ano. Dois entes que se aproximam, se tocam, se beijam, e não se veem mais. Aquele que se aproxima é sempre um desconhecido. Traz, às vezes, expectativas sobre ele - boas e ruins - mas sempre é desconhecido. E acostumamos a nos entregar a ele de forma calourosa, vibrante. Àquele que se afasta, agradecemos e mantemos ele presente em nossas fotografias e memória. Duas presenças assustadoras pra mim. Não tenho de nenhum concretude, mas sempre sonhos, esperanças ou memórias e fotografias. Ambos coexistem, mas não se tocam. Há um momento no qual eles se olham, se aproximam, tenho certeza que se tocam e, da mesma forma fugaz, se afastam, ainda se olhando, com o que sobrou de molhado do beijo que trocaram por formalidade. As luzes acesas, o barulho de rojão, o álcool no sangue das pessoas, o olhar curioso da criança, a comida pesada no estômago e a presença de pessoas queridas ao nosso entorno. Esses dois caras observam tudo isso. Ambos podem nos trazer novas presenças cada qual da sua maneira: ou pela memória do ente passado de pessoas queridas que amamos e que se foram, ou pela força do ciclo que renova nossa humanidade. Ambos trazem dor e alegria, ambas emoções se misturam e formam aquilo que de mais essencial e exclusivo há em todo o universo: a vida humana. Prazer em conhecê-lo, ano novo. 

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