quarta-feira, 22 de maio de 2013

Desse tempo que acordei com saudade


Era um tempo desse que se refazia aqui dentro. Tempo de chuva, mas tempo de alegria. Tempo de brincadeiras com o que a vida dava de graça e que não precisava ligar na tomada. Com sorrisos que  vinham de cabelos molhados de suor - de tanto correr. A saudade da infância é um pouco de tudo e de tempos em tempos vem me revisitar. E não importa se chove forte nos olhos ou se pinga longe no mar essa água salgada: ela insiste em bater nas vistas. Se exibe holiudianamente e se reprime, some. Por vezes vou até a padaria buscar essa infância e a pego comendo uma bomba de chocolate enorme. Há outros indícios: água no chão do banheiro, talheres e louças sujas na pia, meia enfiada dentro do tênis, televisão desprogramada e som alto, além de todos os tapetes sujos e do chão da casa inteira cheio de terra roxa. Roxo, aliás, estão as pernas e braços, além de arranhados. Mas roxo mesmo fica a saudade, que bate forte tem dia.

foto: Crianças de Campo Alegre do Fidalgo, sertão do Piaui, durante a chuva que marcou a chegada do "inverno" de lá, em janeiro de 2013 

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