terça-feira, 10 de julho de 2012

Amor-de-tolo

Cada pedacinho de mim põe à luz a sua presença; tão forte é sua ausência. Cada lembrança é dura e doce; tão marcante passaram os dias. Pra cada ocasião, uma solidão; tão misterioso são meus sentimentos. E assim, pra cada ida e vinda do amor que me recordo, ainda sofro. Já moço, senti as dores do início ao fim de uma paixão adolescente. O amor que acreditei sentir, o desejo que sempre tive, a ideia de que resistiria à tudo e à todos e que seria para sempre: doeu perceber que não era bem assim. Perguntei-lhe se o sol ainda se levanta depois de um erro. E me disseres que sim. Jurei, e quis, tanto, que não. Mas o sol é óbvio demais. Pra mim, se fostes lua, eu não a quereria girando. Mesmo que fostes teu juramento. Das coisas do coração é que menos sabemos. Se sigo, não é sem opção. É por desejo que tudo se resolva. Acho que uma parte das pessoas passaram por isso. Algumas seguem adiante, se acostumam. Mas pra mim é tudo tão novo, apesar de se passar comigo velho. Acho que é assim: quando se aprende que cada palavrinha tola tem valor, o valor das coisas dobram. E quando nos achamos ricos desses valores imateriais, temos medo de abrir espaço pra outros metais sentimentais qualquer. Vai que é um desses amor-de-tolo. 

2 comentários:

OutrosEncantos disse...

todos os amores de verdade, são amores de tolo.
todos passamos por isso
e quanto mais de pureza sabemos do que sentimos mais nos magoamos porque mais nos espantamos da sarcástica gozação de quem nos observa enquanto amores-tolos
não sei sei se sempre foi assim, mas sei que é
estamos na era da "matéria" (supostamente) e quem desesperadamente busca e rebusca por amor, paradoxalmente mais se esconde.
abraço de velha, meu velho.

lídia martins disse...

Estive pensando

Velho, seu bruxinho, rs...

Quer sair para pescar mistério comigo?

Podemos pescar poesias num lago de tinta. Quem sabe algum verso não morda a isca?!

Permita-me entregar-lhe este Certificado de Moção de Apalausos.

Hoje é você o homenageado.