sábado, 14 de novembro de 2009

AMORAL

E assim ele se reclusou, primeiro, para organizar as ideias e refletir sobre elas. Organizou primeiro os sentimentos, sem palavras, para não perder a essência de cada uma daquelas interações químicas. Depois, tentou esquecer a química, ideia dos homens, construida e fundamentada por eles. Depois, tentou esquecer que pensava segundo aquele sistema que havia aprendida na escola. Apagou todas as aulas da memória e realmente reprogramou seu cérebro, fugindo daquilo que outro homem chamou de consciente e inconsciente, passando pelo subconsciente até entrar no quesito puramente incestuoso.

Por consequência, tornou se amoral. Sem sentimentos, sem ideias, sem ética, sem moral alguma. E isso lhe fez nem bem nem mal. Fez se a ele mesmo apenas. As palavras perderam sentido, não mais significavam. O pensamento, agora, funcionava de outra forma. As sensações eram puras, os sentimentos haviam mudados, já que agora, amoral, muita coisa perdera sentido sem a imposição de uma sociedade. O simples bocejar fora de hora, ofensa para alguns, agora era não mais do que ele mesmo e só. Depois da reclusão, tentou voltar, descer o morro e gritar aos seus iguais. Mas lhe ocorreu que outro poderia tê-lo feito. E se calou. E calando-se, voltou a sua anormalidade. Zaratustra ficou no chinelo.

Um comentário:

Joe_Brazuca disse...

Epa, hei, Yançã !...

muito bom !...assim diria Zaratustra...

abraço