quarta-feira, 22 de julho de 2009

UMA CARTA DE AMOR

Querida Catherine*

“Sinto a tua falta meu amor, como a sinto sempre, mas hoje está a ser particularmente difícil para mim porque o oceano tem estado a cantar para mim, e a canção é a da nossa vida juntos...

Lamento ter estado tanto tempo sem falar contigo, sinto que andei perdido, sem rota nem bússola. Deixava-me ir ao encontro das coisas, sentia-me elouquecer. Nunca me tinha sentido perdido, tu eras o meu verdadeiro Norte. Quando tu eras o meu porto, eu sabia sempre voltar para casa. Perdoa ter ficado tão zangado quando partiste, continuo a achar que isto foi um erro e estou à espera que Deus o corrija. Mas já ando melhor, o trabalho ajuda-me, acima de tudo tu ajudas-me! Ontem à noite apareceste-me em sonhos com aquele sorriso que sempre me prendeu a ti e me consolou. Do sonho restou apenas uma sensação de paz... acordei com essa sensação e tentei conservá-la o mais possível.

Escrevo para te dizer que estou a trabalhar para alcançar essa paz, e para te dizer que lamento tantas coisas. Lamento não ter tratado melhor de ti. Para que nunca sentisses frio, medo, para que nunca te sentisses doente. Lamento não me ter esforçado mais por te dizer o que sentia, Lamento todas as vezes que discuti contigo, lamento não te ter pedido mais vezes desculpa , era demasiado orgulhoso. Lamento não ter elogiado tudo aquilo que vestias e todos os teus penteados. Lamento não ter tido forças para te agarrar e impedir que Deus te afastasse de mim.


Não passa uma hora sem que te sinta comigo. Arranjo barcos, experimento-os, e enquanto isso, as memórias sobrevêem, como uma maré. Hoje Lembrei-me de quando éramos novos, e tu trocatse o nosso mundo por outro maior. Tive muito mais medo do que deixei transparecer, lutei contra ele dizendo para comigo que um dia voltarias e imaginando o que te diria quando voltasse a ver-te. Devo ter considerado uma centena de possibilidades. E o que acaba por dizer? Pouco! A minha boca recusou-se a trabalhar excepto para te beijar, e quando disseste: “Vim para ficar”, ficou tudo dito, voltei ao mesmo.

Não paro de pensar no que te diria, se tu arranjasses forma de voltar."

GARRET


*nome da amada original do filme "Uma Carta de Amor", cuja carta mostrada no filme está transcrita aqui. Mantive por referência, mas dedico para Simone.

Um comentário:

Vívian Curitiba disse...

É uma bela demostração de amor..de um poeta..mas um tanto sofrida.